Ceratite microbiana é um processo inflamatório da córnea, de natureza
infecciosa, que pode ser causada por bactérias, fungos, vírus e protozoários. É
considerada uma das principais causas de cegueira, tanto em países desenvolvidos
quanto em desenvolvimento. O objetivo deste estudo foi investigar casos de ceratite
microbiana não-viral, segundo o agente etiológico, assim como identificar possíveis
fatores associados à sua ocorrência, evolução clínica e tratamento. Trata-se de um
estudo epidemiológico do tipo caso-controle. Foi realizada uma pesquisa em um
centro especializado em Oftalmologia, na cidade de Campo Grande/MS, a fim de
obter dados dos pacientes com afecções oculares, diagnosticados no período de
2009 a 2013. Os pacientes foram divididos em dois grupos: a) casos – pacientes
com ceratite em observação clínica, pela biomicroscopia, b) controles – pacientes
com outras afecções oculares que não ceratite. Foram identificados 64 casos de
ceratite microbiana, destes, 42,2% foram causados por bactérias, principalmente
Pseudomonas aeruginosa, 39,1% por fungos, com maior porcentagem de Fusarium
spp (14,1%) e em 6,3% por protozoário (Acanthamoeba). Foi encontrado um caso
de ceratite por Microsporidia em paciente imunocompetente, agente este
recentemente reclassificado como fungo. Os resultados obtidos mostram associação
entre atividade laboral ligada à agropecuária, uso de lentes de contato e a
ocorrência de ceratite. Nos pacientes com ceratite, os sintomas mais relatados foram
dor e fotofobia. Moxifloxacina (34,4%), anfotericina B (31,3%) e natamicina (28,1%),
foram os medicamentos mais utilizados nos casos com ceratite (n=64). A ceratite
evoluiu para perfuração de córnea em 15,6% dos casos e em 10,9% foi indicado
transplante. Os pacientes com ceratite apresentam maior gravidade na evolução
clínica que os pacientes com outras afecções oculares que não ceratite, sendo por
isso imprescindível a rápida identificação do agente etiológico, a fim de subsidiar a
escolha da terapêutica mais adequada.