Esta tese teve como objetivo geral investigar a avaliação in loco de cursos superiores brasileiros no contexto do SINAES, com base nas percepções dos avaliadores externos. Para cumprir este objetivo, primeiramente, caracterizou-se o processo de consolidação e expansão do Ensino Superior brasileiro. A expansão do Ensino Superior, com relação ao número de IES, cursos e matrículas, passa por períodos de estagnação e crescimento expressivo a partir da década de 1990. Nesse período ocorre a concentração das matrículas na rede privada e em alguns cursos com grande concentração de matrículas. As políticas de avaliação e regulação surgiram no Brasil já na época do Império e foram sofrendo alterações ao longo dos anos. As primeiras tentativas de avaliar cursos surgiram através de reformas que estabeleciam parâmetros de funcionamento para os estabelecimentos de Ensino Superior. Na década de 1930, começa-se a falar em autorização e reconhecimento de instituições de Ensino Superior. Apenas na década de 1980 surge a primeira proposta de avaliação da Educação Superior, cujo centro não era a regulação ou a prestação de contas financeiras. Diversas propostas foram implementadas até que surgiu o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB), de cunho voluntário, que propunha a avaliação institucional em três etapas: a avaliação interna, a externa e a reavaliação, que consolidava as anteriores. De 1996 a 2003, o desempenho dos estudantes era avaliado pelo Exame Nacional de Cursos (ENC/PROVÃO). Essas duas políticas podem ser consideradas as precursoras do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES), implementado em 2004 pela Lei nº 10.861, de 14 de abril. O SINAES pressupõe uma avaliação integrada com diversos instrumentos: autoavaliação conduzida pela própria IES através da CPA (Comissão Própria de Avaliação); avaliação externa (in loco) feita por membros externos da comunidade acadêmica; Censo da Educação Superior, instrumento independente com diversos elementos quantitativos; e Cadastro, com dados referentes às IES e seus respectivos cursos, preenchido pelas IES no site do MEC/INEP, além da Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE). Para que sejam realizadas as avaliações in loco para credenciamento e recredenciamento de IES, autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos, são designados professores pertencentes ao Banco de Avaliadores do SINAES (Basis), regulamentado pela Portaria nº 1.027, de 15 de maio de 2006. Os membros da Basis são selecionados pela portaria supracitada e são conhecidos como avaliadores ad hoc. Sua percepção a respeito da sistemática de avaliação do SINAES é de suma importância, primeiramente pelo perfil do próprio avaliador, preferencialmente com o título de doutor, com, no mínimo, cinco anos de experiência acadêmica, participação em comissões, núcleos ou outros elementos constituintes do SINAES. Para captar esta percepção, foi organizado um questionário com perguntas qualitativas e quantitativas e enviado a diversos membros do Basis. Retornaram 713 questionários com respostas válidas, que foram trabalhados através da elaboração de tabelas com os percentuais de resposta atribuídos e, também, através de análise qualitativa através do software de Análise de Dados Qualitativos NVivo 10. Os resultados permitiram conhecer o perfil médio do avaliador do SINAES e sua percepção quanto a fatores operacionais da sistemática de avaliação de cursos superiores brasileiros. Possibilitou, também, que se destacassem quais indicadores das dimensões do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação (IACG) têm melhor e pior desempenho na percepção dos respondentes. Outro elemento importante é a discussão qualitativa dos elementos dos indicadores, denominada neste trabalho de questões emergentes. Os relatos na íntegra, coletados a partir do questionário online, foram mantidos no corpo do estudo através de um segundo volume, de anexos, servindo como importante base de contribuição para os estudos do campo. As conclusões do estudo apontam para uma evolução da sistemática de avaliação na percepção dos avaliadores. Essa percepção é sustentada por fatores mais operacionais da política de avaliação, não refletindo necessariamente na qualidade dos cursos, mas esta seria a temática de uma nova investigação.