O processo de produção de celulose gera diversos resíduos, dentre eles as fibras resultantes da depuração. O emprego desses resíduos na fabricação de produtos pode agregar valor e solucionar problemas ambientais, além de contribuir para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Objetivou-se neste trabalho caracterizar o resíduo UKP (“Unbleach Kraft Pulp”), e com ele, produzir e caracterizar painéis cimento-madeira com este material. O resíduo foi avaliado nas seguintes condições: in natura (N), com imersão em água 24h (A), com imersão em hidróxido de sódio 10% por 24h (H) e com imersão nesses dois líquidos com posterior refino do material (RA e RH). O resíduo teve avaliadas suas características anatômicas, sua composição química, seu comportamento à decomposição térmica, sua distribuição granulométrica e suas densidades (básica e a granel). Os painéis minerais foram produzidos com densidade nominal de 1,4 g.cm-3, com o seguinte ciclo de prensagem: temperatura ambiente, pressão de 0,4 MPa e grampeamento por 24 horas. Posteriormente os painéis foram climatizados e cortados em corpos de prova para realização de testes físicos e mecânicos. Os seguintes testes foram realizados: absorção de água após 2 e 24 horas de imersão, inchamento em espessura após 2 e 24 horas de imersão, densidade aparente, taxa de não retorno em espessura, umidade, arrancamento de parafuso na face, compressão, ligação interna e flexão estática. Para a distribuição granulométrica das partículas, o maior percentual de material ficou retido na peneira de 20 mesh. Para as características anatômicas avaliadas, houve redução do comprimento das fibras e diminuição da espessura da parede da fibra, apenas para os tratamentos com refino. Para a constituição química do resíduo, ocorreu redução do percentual de lignina e extrativos para os tratamentos com refino e com hidróxido. Quanto ao comportamento do resíduo, em função da decomposição térmica, foram similares as curvas comumente encontradas para madeiras e resíduos lignocelulósicos, diferindo apenas nos pontos onde se encontra a faixa de decomposição da lignina. Para as propriedades físicas avaliadas, não houve diferença significativa entre os tratamentos para as seguintes variáveis D (1,41 g.cm-3), UM (9,9%) e TNR (0,9%). Já para as variáveis AA_2h, AA_24h, IE_2h , IE_24h, LI, AP, CP, MOE e MOR houve diferença entre os tratamentos propostos. De maneira geral os tratamentos com imersão em solução com hidróxido e os tratamentos com refino apresentaram melhor desempenho. Portanto pode-se inferir que essa destinação para o resíduo é promissora, sendo necessárias mais pesquisas