O presente estudo investigou a eficácia do ceftiofur intramamário no tratamento estendido com dez aplicações, a cada 12 horas, na mastite subclínica por estafilococos em primíparas bovinas. Foram utilizados 60 animais da raça holandesa, divididos em quadro grupos: G1 = Grupo negativo ou sem infecção estafilocócica, CMT negativo e CCS < 200.000 células/mL; G2 = Grupo com infecção estafilocócica não tratado, CMT positivo (2+ ou 3+) e CSS > 200.000 células/mL; G3 = Grupo com infecção tratado no início da lactação (entre 15 e 100 dias de lactação), CMT positivo (2+ ou 3+) e CCS > 200.000 células/mL e G4 = Grupo tratado final da lactação (entre 101 e 200 dias de lactação), CMT positivo (2+ ou 3+) e CCS > 200.000 células/mL. As amostras de leite foram coletadas em cinco momentos: M0 ou dia zero (diagnóstico da mastite subclínica), M1 = 7 dias após o diagnóstico da mastite subclínica e início da terapia estendida, M2 = 2 dias após o término do tratamento estendido (dia 14 após o diagnóstico da mastite subclínica), M3 = 7 dias após M2 (dia 21 após o diagnóstico da mastite ou 9 dias após o final do tratamento), M4 = 7 dias após M3 (dia 28 após o diagnóstico da mastite ou 16 dias após o final do tratamento). Nos grupos tratados com ceftiofur intramamário, foi evidenciada a cura microbiológica com redução na CCS em 73,34% no G3 e 46,66% no G4. Assim, nos grupos tratados (G3 + G4) e não tratado (G2), as taxas de cura foram, respectivamente, 60,00% e 26,66% (p<0,05). Foram isoladas 45 linhagens de Staphylococcus spp., das quais foram identificados principalmente S. aureus (51,12%), S. intermedius (40,0%) e S. epidermidis (8,88%). O perfil de sensibilidade microbiana “in vitro” dos isolados apresentou maiores índices de sensibilidade para oxacilina (80,00%), ceftiofur (77,78%) e cefalexina (77,78%), seguidos do ciprofloxacino (66,66%) e gentamicina (60,00%). Em contraste, cloxacilina (24,44%), penicilina (35,56%) e tetraciclina (44,46%) foram os antimicrobianos menos efetivos diante dos estafilococos isolados. Dentre as amostras de leite colhidas no momento M0 e M1, 13,33% foram positivas para o teste de detecção de substâncias inibidoras/resíduos de antimicrobianos na prova de Delvotest™ e todas negativas no Snap test™. No M2, 55,00% foram positivas no Delvotest™ e 46,66% no Snap test™, enquanto no M3 16,66% acusaram positivas no Delvotest™ e 11,66% no Snap test™. No M4, 11,66% foram positivas no Delvotest™ e 8,33% no Snaptest™. Após 16 dias do final do tratamento (M4), 6,66% dos animais ainda acusavam reações positivas no Delvotest™ e 10% para o Snap test™, considerando somente os grupos tratados (G3 e G4), indicando persistência de resíduos no leite. Ocorreu redução na CCS e dos escores de CMT em todos os animais curados, embora nenhum grupo atingiu o limite considerado normal (<200.000CS/mL) ao longo do período de acompanhamento do estudo. O grupo G1 (não infectado) produziu mais leite se comparado aos outros três grupos com infecção estafilocócica (G2, G3 e G4). Infere-se a eficácia do tratamento estendido em primíparas bovinas infectadas por estafilococos, com redução da CCS, escores de CMT e restabelecimento da produção de leite. No entanto, deve-se restringir o uso do tratamento estendido com ceftiofur para animais com histórico de mastite crônica, causadas por micro-organismos não responsivos - como os estafilococos -, em virtude da persistência de resíduos após o tratamento por período prolongado.