Objetivo: Avaliar a correlação entre a ultrassonografia de alta resolução com
transdutor de 20 MHz (US) e testes estruturais realizados na prática clínica em
determinar a razão escavação/disco (E/D) da cabeça do nervo óptico no glaucoma.
Além disso, nós quisemos analisar a correlação entre as características do nervo
óptico intraorbitário (NOI) e do corpo geniculado lateral (CGL) medidas pela
ressonância magnética de 3 Teslas (RM), e a extensão do dano glaucomatoso,
determinada por exames funcionais e estruturais oculares. Métodos: Este foi um
estudo com desenho transversal. Os participantes foram submetidos a US, RM,
exames estruturais oculares [estereofotografia do disco óptico, tomografia de coerência
óptica de domínio espectral (OCT) e oftalmoscopia confocal de varredura a laser] e
avaliação funcional (perimetria computadorizada padrão e perimetria de frequência
duplicada). Equações de estimativas generalizadas, método de reamostragem
bootstrap para dados agrupados, áreas sob as curvas características de operação do
receptor (AUC) e análise de concordância pelo método de Bland-Altman foram
utilizados na análise estatística. Resultados: Foram incluídos 41 pacientes com
glaucoma e 12 indivíduos controles; 54,7% mulheres. Quando o diagnóstico de
glaucoma foi determinado pelo dano funcional, a AUC para a E/D vertical para a US no
olho direito foi 0,882 (IC 95%, 0,792 – 0,972), enquanto que, para a estereofotografia,
foi de 0,982 (IC 95%, 0,945 – 1,0). A diferença média da E/D vertical entre a
estereofotografia e a US foi 0,46 (IC 95%, 0,425 – 0,488), e a US tendeu a hipoestimar
os resultados da E/D quando valores maiores que 0,8 da E/D foram obtidos pela
estereofotografia. Com relação aos resultados da RM, houve diferenças significativas
dos parâmetros do NOI e da altura do CGL entre os grupos glaucoma e controle.
Todos os segmentos do NOI analisados correlacionaram-se com a avaliação funcional e com a área da rima neural medida pela OCT. Ainda, os segmentos distais do NOI
correlacionaram-se com a espessura média da camada de fibras nervosas da retina
peripapilar da OCT, e o segmento do NOI a 15 mm do globo ocular correlacionou-se
com a área da rima neural obtida pela estereofotografia. O CGL não apresentou
correlação com nenhum parâmetro funcional ou estrutural. Conclusões: A US pode
ser útil na avaliação quantitativa da cabeça do nervo óptico no glaucoma. Isto pode ser
conveniente principalmente em olhos com opacidade de meios, nos quais exames
baseados em princípios ópticos podem não fornecer informações precisas. No entanto,
a US tendeu a hipoestimar altos valores da E/D e hiperestimar valores menores desta
em comparação com testes estruturais da cabeça do nervo óptico. Adicionalmente, a
RM parece ser uma ferramenta promissora na avaliação das alterações glaucomatosas
no sistema nervoso central. O NOI correlacionou-se com os parâmetros funcionais, e
suas porções distais correlacionaram-se melhor com parâmetros estruturais oculares.
Contudo, não houve associação dos parâmetros do CGL com nenhum parâmetro
funcional ou estrutural ocular.