A busca por fármacos inovadores, capazes de limitar ou curar patologias com o
mínimo de efeitos adversos tem impulsionado a realização de inúmeras pesquisas
envolvendo a descoberta e otimização de uma molécula protótipo. O presente
trabalho aborda a síntese e avaliação biológica de compostos diazabiciclos
derivados de aziridinas chalcônicas, precursores que possuem amplamente
estudadas suas diversas atividades biológicas. Tais compostos cíclicos são obtidos
através de quatro processos subsequentes de síntese orgânica, ocorrendo em
brandas condições reacionias, a saber: obtenção da chalcona, bromação, formação
da aziridina e obtenção do diazabiciclo. Neste trabalho reporta-se o processo de
obtenção de diversos derivados que contemplam o núcleo 1,3-diazabiciclo[3.1.0]hex-
3-eno além do processo de síntese de aldeídos de Meervein, os quais foram
utilizados na formação de novos derivados. Foram obtidos 30 compostos
diazabicíclicos, sendo 15 inéditos. Os compostos foram caracterizados por ponto de
fusão, métodos espectroscópicos usuais e, os diazabiciclos também por
espectrometria de UV-visível. Todos os rendimentos reacionais foram satisfatórios,
variando de 44 a 90%. Avaliou-se a atividade antinociceptiva e sobre o sistema
nervoso central dos compostos possuidores de substituintes propostos por Topliss
(B1, B2, B3, B4 e B6). O composto B6 foi o mais ativo em ambas as avaliações,
sendo o possuidor do substituinte 4-CH3. Avaliando-se a atividade antinociceptiva,
B6 foi 19 vezes mais potente que o AAS quando avaliado pelo modelo de
contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, além disso, apresentou 69% de
inibição da reação dolorosa neurogênica induzida pela formalina e 68,6% de inibição
quando o agente flogístico utilizado foi o glutamato. Além disso, no modelo de
hipernocicepção mecânica induzida pela carragenina observou-se que B6 foi capaz
de inibir em 66,5% a frequência de resposta ao estímulo mecânico. Os compostos
B1, B2, B3, B4 e B6 (10mg/kg) foram administrados intraperitonealmente em
camundongos, os quais foram avaliados em modelos de ansiedade, depressão,
convulsão, sono, memória e deambulação. Somente os compostos B1, B2 e B6
demonstraram ter efeitos sobre o sistema nervoso central dos animais (efeito
antidepressivo), tendo o composto B6 efeito antidepressivo comparável à fluoxetina.
O mecanismo de ação da propriedade antidepressiva foi investigado e os resultados
demostram que o efeito antidepressivo do composto B6 parece ser mediado pelos
sistemas noradrenérgico e dopaminérgico (mas não o serotonérgico) uma vez que
foi revertido pelo pré-tratamento dos animais com antagonistas de receptores
farmacológicos da noradrenalina e dopamina.