Células-tronco da polpa dentária humana são promissoras no tratamento
endodôntico, porém antes de utilizá-las clinicamente, deve-se entender
suas propriedades biológicas em resposta a estímulos, como o ácido
lipoteicóico (LTA) bacteriano. O objetivo deste estudo foi avaliar o
comportamento de células SHED (Stem cells from Hu man Exfoliated
Deciduous teeth) após exposição ao LTA bacteriano, verificando os
efeitos na proliferação e metabolismo celular, atividade da fosfatase
alcalina, deposição de cálcio, expressão de genes associados à
mineralização, e liberação de citocinas. Foram utilizadas células SHED
tratadas com LTA em diferentes concentrações, sem e com indutores da
mineralização (IM). O metabolismo e a proliferação celular foram
avaliados pelos ensaios de XTT e SRB. As células foram submetidas a
um ensaio enzimático da atividade de fosfatase alcalina, para observação
da ativação de processos de mineralização. E foi analisada
qualitativamente a presença de deposição de cálcio pelas células pelo
ensaio de alizarin vermelho (ARS). A expressão dos genes DSPP (Dentin
Sialophosphoprotein) e DMP-1 (Dentin Matrix Protein-1) foi avaliada pela
técnica do PCR (Polymerase Chain Reaction). O teste ELISA (Enzyme
Linked Immuno Sorbent Assay) foi realizado para detectar e quantificar as
citocinas IL-1ß (Interleucina-1ß), IL-6 (Interleucina-6), TNF-α (Fator de
Necrose Tumoral-α). Os dados obtidos nos ensaios quantitativos foram
analisados estatisticamente por ANOVA complementada pelo teste de
Tukey (p<0,05). Foi observado um aumento no metabolismo e
proliferação celular com o tempo, não havendo diferenças entre os grupos
testados em cada período. Nos grupos sem IM, observou-se um aumento
da atividade da fosfatase alcalina das células expostas ao LTA
comparados ao controle. Os grupos com indutores de mineralização
apresentaram maiores quantidades de calcificações, comparados aos
grupos sem IM. Após 3 dias, as células tratadas com LTA bacteriano
apresentaram mais zonas de calcificação em relação ao controle, e após
os períodos de 7 e 14 dias, foram semelhantes. Todos os grupos testados
expressaram os genes DSPP e DMP-1, sendo maior nos grupos com IM.
A expressão de IL-1ß e TNF-α pelas células dos grupos testados foi
semelhante, já a concentração de IL-6 foi expressiva, havendo diferenças
entre grupos e períodos. De acordo com a metodologia e análise
empregadas neste estudo, conclui-se que as células SHED quando
expostas ao LTA bacteriano não sofreram interferências na proliferação e
metabolismo celular, na expressão das citocinas IL-1ß, IL-6, TNF-α, e na
diferenciação odontoblástica. Porém, em curto prazo, o LTA estimulou
funcionalmente as células, havendo maior deposição de cálcio e atividade
da fosfatase alcalina.