O pensamento pós-estruturalista de Foucault tem exercido bastante influência nas mais diversas áreas do saber. Seguindo, pois, essa linha, o presente trabalho tem o objetivo de constituir-se em uma aplicação, à área da educação, do pensamento foucaultiano. Dentro desse objetivo, procuramos, aqui, partir das primeiras fases do pensamento de Foucalt (arqueologia e genealogia), e, mais especificamente, dos pensamentos que, na segunda fase, configuraram-se naquilo que concernem a reflexão referente à sexualidade: investigamos qual tipo de discurso, naquilo que refere à sexualidade, que embasa a atitude do professor, ou seja, a maneira como o professor atua na constituição do aluno, como ele se relaciona com a sexualidade do aluno. Esse pensamento sobre a sexualidade foi desenvolvido, aqui, em íntima correlação com uma pesquisa de campo concernente à subjetividade, naquilo que diz respeito à sexualidade humana, que predomina em professores de ensino médio. Com esse desenvolvimento acreditamos ter conseguido fornecer alguma contribuição às reflexões a respeito do modo como são construídas a subjetividade sexual do professor e do aluno. Assim, utilizando-nos de entrevistas realizadas com professores de ensino médio da rede pública pudemos lançar algumas hipóteses: o professor faz reforçar o controle sobre o sexo uma vez que o estimula e o controla nos seus discursos; assim como classifica e cerca as perversões ou irregularidades sexuais, enquadrando-as na norma e ressaltam a diferença; observamos, também, que o sexo é classificado a partir de uma série de patologias endossadas pela ciência; notamos o poder disciplinar e a vigilância construindo a identidade do indivíduo apoiada em normas e verdades discursivas; a existência de uma medicina social, controlando classes populares. Dentro do contexto dessa investigação, acreditamos ter conseguido, em linhas gerais, concluir que o professor reproduz, talvez irrefletidamente, uma série de discursos e poderes circulantes na sociedade em que vive. A proposta é incitar a reflexão para que alunos e professores tomem consciência de que reproduzem discursos.