A verdadeira etiopatogenia de várias doenças podais dos bovinos ainda é motivo de especulação. Mas não se pode ignorar que o comprometimento da irrigação e da drenagem sanguínea dos dígitos tem uma relação estreita com diversas alterações que acometem os dígitos dessa espécie animal. Portanto, o conhecimento sólido da vascularização da extremidade distal dos membros locomotores de bovinos pode nortear o entendimento de enfermidades como a laminite. Esse estudo objetivou descrever os achados venográficos dos dígitos dos pés de bovinos jovens, mestiços (Bos indicus X Bos taurus), antes e após aplicação intrarruminal de oligofrutose como alternativas ao estudo da etiopatogenia da laminite e auxiliar no estudo da anatomia vascular dos dígitos. O projeto foi primeiramente aprovado pelo Comitê em Ética no Uso de Animais (CEUA/UFG), protocolo número 026/2013. No estudo foram empregados, sete animais, mestiços (Bos indicus X Bos taurus), inteiros, de 12,6±0,9 meses de idade e peso de 156±37,8 quilogramas. Distribuiu-se por sorteio os animais em dois grupos (GI e GII) que receberam 13 e 17 g/kg de oligofrutose via intrarruminal, respectivamente. Realizou-se venografia dos dígitos dos bovinos, em cinco momentos distintos, sendo 15 dias antes (M0), 36 horas (M1), sete (M2), quinze (M3) e trinta (M4) dias após aplicação intrarruminal do carboidrato de alta fermentação. A venografia teve a finalidade de avaliar a anatomia topográfica e possíveis alterações vasculares da extremidade distal dos membros pélvicos destes animais. A descrição da anatomia topográfica foi realizada com base nas radiografias obtidas em todos os momentos e para as alterações vasculares da extremidade distal avaliou-se as diferenças entre os momentos, tendo o M0 como controle. Na avaliação das alterações vasculares, veias principais e regiões como a rede do cório coronário foram avaliadas. Escolheu-se três veias para proceder a mensuração dos seus diâmetros e analisá-los utilizando-se a Análise de Variância (ANOVA) e o Teste t, com nível de significância de 5%. As veias principais e da região do cório coronário, nos diferentes momentos, foram avaliados de forma descritiva. Identificaram-se alterações na vascularização nos diferentes momentos, como vasodilatação com 36 horas após aplicação de oligofrutose e vasoconstrição nos demais momentos, nas veias principais e das regiões do cório coronário e rede bulbar. Nos animais do GII as alterações foram mais acentuadas. Houve diferença estatística para a veia digital dorsal comum III entre M1 e M4 dentro de cada grupo, sendo que em M1 estava dilatada e M4 constrita. Para o ramo plantar para o coxim digital do dígito medial a diferença existente foi entre os grupos no momento M4, sendo a constrição desta veia mais acentuada no GII. Concluiu-se que o exame venográfico dos dígitos dos membros pélvicos de bovinos jovens, mestiços (Bos indicus X Bos taurus), realizado antes e após aplicação intrarruminal de oligofrutose possibilitou a descrição da anatomia vascular local e identificou alterações compatíveis com a laminite nessa espécie animal.