Dos tumores cutâneos, o melanoma é o menos frequente, porém com maior letalidade. Muitas pesquisas têm sido realizadas com intuito de encontrar substâncias oriundas de fontes naturais com ação terapêutica no tratamento do melanoma, tal como a curcumina (CUM). No entanto, o uso clínico da CUM enfrenta muitos desafios, relacionados à alta lipofilicidade, instabilidade em preseça de luz e à baixa biodisponibilidade oral. Assim, sua administração cutânea pode ser conveniente, a fim de localizá-la no seu sítio de ação. Estratégias tecnológicas, como as nanopartículas lipídicas sólidas catiônicas (NLSCs), que apresentam a capacidade de compartimentalizar, de maneira eficiente, fármacos lipofílicos e de modificar suas propriedades e comportamento em meio biológico, apresentando, também, um efeito protetor e sustentador da liberação de fármacos, podem ser utilizadas para incorporação da CUM. Além disso, a carga positiva apresentada por estes sistemas pode favorecer o direcionamento para as células cancerosas, que possuem alta densidade de carga negativa. A composição das NLSCs, em relação à proporção de lipídeos e tensoativos usados, foi estabelecida através de um estudo de planejamento fatorial 22 com ponto central, sendo a fase lipídica composta por ácido esteárico – NLSC-1-, Compritol 888 ATO -NLSC-3- ou a mistura desses lipídios na proporção 1:1 –NLSC-2-; sendo estabilizadas pelos tensoativos Poloxamer 407 e brometo de cetrimônio. Fotomicrografias obtidas por microscopia de força atômica e por microscopia eletrônica de varredura com efeito de campo mostraram que os sistemas desenvolvidos tratam-se de dispersões de partículas esféricas com tamanho na escala de nanômetros; a calorimetria diferencial exploratória indicou que os componentes das formulações interagiram para formação do sistema e que para as NLSC-CUMs a CUM foi incorporada ao sistema; através da análise da estabilidade em relação ao diâmetro hidrodinâmico médio (Dnm) e potencial zeta durante 90 dias, observou-se que NLSC-3 era mais estável por apresentar significativamente menor variabilidade de médias de Dnm durante o período de estocagem. Os sistemas desenvolvidos foram capazes de modular a liberação de CUM, a qual começou a ser liberada dos sistemas somente após 12 (NLSC-CUM-3) ou 16 (NLSC-CUM-1 e 2) horas em contato com a membrana sintética, além do que promoveram a penetração de CUM pelas camadas da pele, e adicionalmente, os ensaios de citotoxicidade evidenciaram que os sistemas desenvolvidos são mais tóxicos para linhagens de tumorais (B16F10) do que para as linhagens saudáveis (HaCat), mostrando que as NLSC-CUMs são promissoras para o tratamento de melanoma.