A homeostase do cálcio sanguíneo, redução na mobilização de reservas corporais e exportação de
lipoproteínas hepáticas são mecanismos que melhoram a imunidade da vaca leiteira no periparto
e podem prevenir a ocorrência das principais desordens metabólicas do período de transição. O
objetivo desse estudo foi avaliar o efeito de dietas aniônicas suplementadas com cromo e
metionina sobre perfil metabólico, hormonal e mineral de vacas de leite. Setenta e duas vacas da
raça Holandesa, multíparas, foram distribuídas em seis grupos experimentais com 12 animais em
cada, no período pré-parto (24±0,5 dias anteriores ao parto) e receberam dietas catiônicas ou
aniônicas acrescidas ou não de cromo e metionina: Controle (C), dieta basal pré-parto (DCAD=
+15,47 ±2,1 meq/100 gMS); Aniônico (A), dieta aniônica pré-parto (DCAD= -18,78 ±1,2
meq/100 gMS); Controle-Cromo (CCr), dieta controle acrescida de 7,56 mg de cromo orgânico;
Aniônico-Cromo (ACr), dieta aniônica acrescida de 7,56 mg de cromo orgânico; ControleCromo-Metionina
(CCrM), dieta controle acrescida de 7,56 mg de cromo orgânico e 13,24 g de
DL-metionina hidroxianáloga; Aniônico-Cromo-Metionina (ACrM), dieta aniônica acrescida de
7,56 mg de cromo orgânico e 13,24 g de DL-metionina hidroxianáloga. Durante o pós-parto os
animais receberam dieta única, formulada de acordo com as recomendações do NRC (2001) e
DCAD +31,57 mEq/100gMS. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com
parcelas subdivididas e análise dos contrastes ortogonais. Durante o pré-parto foi determinado pH
urinário e escore de condição corporal dos animais. O pH urinário das dietas aniônicas baixou nos
primeiros dias de fornecimento, atingindo o valor de 6,8 até o quarto dia. As concentrações
plasmáticas de glicose e colesterol total sérico foram semelhantes entre os tratamentos e ao longo
do período de transição (P>0,05). Os ácidos graxos não esterificados (AGNE) séricos
aumentaram com a aproximação do parto, principalmente na última semana pré e na primeira
semana pós-parto, refletindo a mobilização corporal desse período. As dietas ACr e ACrM
apresentaram os menores valores de AGNE no pós-parto imediato comparados à dieta aniônica
(P≤0,04). Com a aproximação do parto os valores de insulina sérica reduziram e a adição de
cromo à dieta aniônica (ACr) resultou nos menores valores de insulina, comparada à dieta
aniônica nas duas semanas após o parto (P≤0,05). A atividade sérica das enzimas hepáticas gama
glutamil transferase e alanina aminotransferase ficou dentro dos limites sugeridos pela literatura
afastando a hipótese de lesão hepática. Os valores séricos de cloreto permaneceram abaixo dos
valores de referência (97 mEq/L, Kaneko et al., 2008) durante todo o período de transição. Os
valores de magnésio ficaram dentro dos limites normais sugeridos pela literatura. As
concentrações médias de cálcio permaneceram dentro dos valores de referência, entre 8,5 e 12,4
mg/dL. Apesar disso, cerca de 22% das vacas do experimento apresentaram hipocalcemia
subclínica (Ca<8,5 mg/dL) no dia seguinte ao parto, sendo a maioria dos animais das dietas
aniônicas. Esses animais nas dietas aniônicas apresentaram maiores valores séricos de fósforo no
pré-parto, juntamente com os animais da dieta Controle. A 25 hidroxivitamina D permaneceu
dentro dos valores sugeridos pela literatura, mas acima dos valores encontrados em vacas no
período de transição. A produção de leite ao pico e acumulada aos 120 dias de lactação foi
semelhante entre as dietas (P>0,05). A dieta aniônica, apesar de promover a queda do pH urinário,
não foi efetiva em melhorar a homeostase do cálcio, já que mostrou valores mais altos de
hipocalcemia pós-parto. A suplementação com cromo na dieta aniônica pode ter melhorado o
ambiente metabólico pré-parto levando à menor mobilização de reservas corporais no pós-parto.
A redução do DCAD, suplementação com cromo e metionina na dieta não promoveram maior
produção de leite. A suplementação com metionina não promoveu nenhum efeito benéfico
percebido nesse trabalho.