A produção de etanol de segunda geração baseia-se na conversão da biomassa
lignocelulósica, contudo, observa-se um impedimento devido à sua estrutura, a presença
da lignina, que dificulta o acesso das enzimas durante a hidrólise e fermentação. Diante
deste problema, algumas técnicas vêm sendo desenvolvidas com o intuito de mitigar tais
obstáculos. O pré-tratamento com radiação de micro-ondas, quando combinado com
compostos alcalinos ou ácidos, tem sua eficácia maximizada. O uso de biomassa
lignocelulósica vem sendo considerado a principal alternativa para suprir a demanda
mundial de etanol, além de apresentar alta disponibilidade e baixo custo. Este estudo
tem como objetivo investigar a associação da radiação de micro-ondas com ataques
químicos ácidos, usando como matéria-prima Panicum maximum (capim colonião),
para a produção de etanol lignocelulósico. O pré-tratamento ácido associado à radiação
de micro-ondas foi utilizado para aumentar a digestibilidade da hemicelulose, com o
propósito de obter maior liberação de açúcares. O pré-tratamento químico foi feito com
ácido sulfúrico em concentrações de 0,5 e 5% m/v, com uma razão líquido-sólido de
10:1 e 50:1, radiação no micro-ondas com potência de 10 e 20% e tempo de irradiação
de 10 e 60 minutos. As condições ótimas encontradas no estudo foram: concentração do
reagente de 0,5%; razão líquido-sólido de 10:1; radiação no micro-ondas com potência
de 10 %; e tempo de irradiação de 10 minutos. O melhor tratamento foi caracterizado
morfologicamente pela Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Para perceber as
alterações sofridas, foi feita hidrólise enzimática com enzimas comerciais e, após 72
horas, fermentado com Saccharomyces cerevisiae. Ao término da hidrólise, foram
obtidos 2,39 g L-1 de açúcares redutores totais. Os resultados mostram que o prétratamento
químico ácido é eficiente para o aumento do teor de celulose, porém, não
houve deslignificação do material, resultando em um baixo rendimento na hidrólise
enzimática (28% de conversão), contudo, apresentou 70% a mais de conversão quando
comparado com a hidrólise do material bruto (16,5% de conversão). O pré-tratamento é
eficaz, sendo necessários mais estudos para alcançar um processo ótimo de hidrólise no
capim colonião para considerá-lo uma fonte alternativa de biomassa lignocelulósica
para produção de etanol, para atender à demanda atual.