A Igreja Batista possui características singulares, como o princípio da autonomia da igreja local. Cada congregação é uma unidade autônoma, ligada às demais pelo vínculo denominacional, através da Convenção Batista Brasileira, Convenções estaduais e Associações regionais. A autonomia da igreja local favorece a diversi-dade cúltica, pois cada igreja é livre para adotar o seu estilo. Embora seja um belo e essencial princípio batista, a autonomia favorece a pluralidade litúrgica, muitas vezes com a daninha influência de elementos que comprometem a centralidade cristológica no culto, como a liturgia neopentecostal, as literaturas de mercado e a ausência de reflexão teológica. O conhecimento da Teologia do Culto Cristão, mesmo em tradições diferentes, que até mesmo antecederam à tradição batista, é um caminho necessário para o resgate da centralidade cristológica no culto. Esse resgate das riquezas da tradição cúltica em diálogo com a Igreja Batista permitirá uma leitura justa e coerente da denominação batista, oferecendo respostas para os possíveis problemas de esvaziamento da centralidade cristológica no culto. Uma vez que o universo batista brasileiro, ou até mesmo fluminense, é muito amplo, para fins de análise da realidade litúrgica da Igreja Batista, com dados advindos de momento empírico na pesquisa, fez-se um corte geográfico na região litorânea fluminense, focando a pesquisa exclusivamente com as igrejas vinculadas à Asso-ciação Batista Litorânea Fluminense. A pesquisa, que alcançou membros de apro-ximadamente 90% das referidas igrejas, além de pastores e seminaristas (estudan-tes de Teologia), revelou realidades que confirmam a necessidade da proposta de resgate da centralidade cristológica no culto, sendo fonte de pesquisa e reflexão para a Igreja Batista. Embora a Igreja Batista não adote nenhum calendário ou manual litúrgico, mesmo diante do princípio de autonomia de cada congregação local, há uma “fé batista”, há uma tradição que perdura gerações. Seria um prejuízo à Igreja Batista e seu culto “virar as costas” ao assunto. O objetivo não é uniformi-zar o culto batista, até mesmo porque isso feriria frontalmente o “jeito batista de ser”. Pelo contrário, o objetivo é oferecer respostas, é dar subsídio para uma refle-xão teológica consistente, capaz de fomentar valores imprescindíveis para o culto verdadeiramente cristológico e expurgar influências negativas.