Este trabalho avaliou a prevalência de taurodontismo e de giroversão em pacientes com
fissuras lábio palatinas não sindrômicas (FL/PNS) em uma população brasileira e sua
associação com a extensão clínica das fissuras. Realizaram-se dois estudos, sendo um de caso-
controle e outro transversal. O primeiro estudo apresentou 88 pacientes com FL/PNS (caso) e
300 pacientes clinicamente normais (controle). Em ambos os grupos, avaliaram-se
radiografias panorâmicas de jovens (12 a 20 anos de idade) e verificaram-se os primeiros e
segundos molares inferiores bilaterais. Nos dois estudos, as informações coletadas foram
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arquivadas em um banco de dados e analisadas pelo programa estatístico PASW versão 19.0
para Windows (Chicago, EUA). Para comparar a prevalência de taurodontismo entre os
grupos, realizou-se o teste qui-quadrado com p ≤0,05 e o teste exato de Fisher, conforme
preconizado pelo método estatístico. Ao analisar a magnitude da associação entre
taurodontismo e fissuras, a associação Odds Ratio (OR) foi adotada com intervalo de
confiança (IC) de 95%, estimada pela regressão logística. No grupo controle observou-se a
presença de 70 pacientes (23,3%) com dentes taurodônticos. No grupo caso, detectou-se que
36 (40,9%) pacientes apresentavam taurodontismo e que a associação entre a anomalia e a
extensão clínica da fissura não foi significativa (p >0,05). Ao considerar os dentes (primeiro e
segundo molares inferiores) como unidade de análise, observou-se a associação entre fissura
labial (p =0,01), fissura palatina (p =0,002) e taurodontismo. Para o segundo objetivo, realizou-
se um estudo transversal e analítico com uma população de 317 pacientes com FL/PNS, entre
12 e 30 anos. Avaliou-se giroversão por meio de exame clínico e radiográfico e as fissuras
foram classificadas em três grupos, fissuras do lábio (FL), fissuras do palato (FP), fissuras
envolvendo lábio e palato (FL/P). A associação entre o tipo de fissura e a prevalência de
giroversão foi realizada pelo teste do qui-quadrado com p ≤0,05 e IC em 95%. Dos 371
pacientes, 92 (29,02%) apresentavam pelo menos um dente com giroversão, num total de 144
dentes. A giroversão dental foi mais comum em pacientes com FL/P ( 16,1%), seguido pela FP
(6,9%) e FL (6%) (p =0,112), foi mais expressiva na mandíbula do que na maxila (p =0,064),
sendo o canino (53,47%), seguido pelos segundos pré-molares (6,25%), os dentes mais
acometidos. Os resultados encontrados ratificaram que a presença de taurodontismo e ou
giroversão podem ser importantes indicativos de anomalias dentais em pacientes com
FL/PNS. Os estudos foram aprovados pelos Comitês de Ética em Pesquisa das Universidades.
Palavras-chave: Fissura Labial. Fissura Palatina. Anomalia Dentária. Epidemiologia