Nas últimas décadas, vimos observando o surgimento de novos arranjos familiares e,
neste contexto, a paternidade vem sendo vivenciada de diversas formas, sendo uma
delas a paternidade socioafetiva, aquela em que um pai/padrasto é quem cria, cuida e
educa seus enteados. Daí decorre a necessidade de se desenvolver mais estudos acerca
dos fatores que influenciam a construção da paternidade socioafetiva, buscando melhor
entender como se dá esse processo de construção do vínculo filiatório. É nosso objetivo
com esse estudo fornecer maiores subsídios à jurisprudência para reconhecer, nas
disputas de guarda judiciárias envolvendo a paternidade biológica e a paternidade
afetiva, esta “nova” forma de paternidade, que envolve a formação de um vínculo
afetivo entre pais não biológicos e (os) filho(s) que criou, cuidou e educou,
relativizando, assim, a antiga visão de paternidade baseada apenas em “laços de
sangue”. Para tanto, apresentamos a construção social e histórica da família e da
paternidade, conceituando a família, sua constituição e o seu papel na sociedade, em
especial no Brasil. Posteriormente, analisamos os papeis dos membros na família, suas
representações e sua evolução, conceituando a paternidade e suas diferentes formas de
exercício, com o objetivo de melhor compreender e identificar a construção do vínculo
paterno-filial. A seguir, falamos da pesquisa de campo que desenvolvemos com homens
que vivem ou viveram a paternidade afetiva e a biológica, qual a relação do pai
biológico com seus filhos e como ele vê a relação do pai afetivo com os mesmos. Para
tanto, fizemos uso de entrevistas semiestruturadas, baseadas em um roteiro previamente
elaborado, que foram gravadas e transcritas na íntegra. Os textos daí resultantes foram
submetidos a uma análise de discurso.