Estudos experimentais e clínicos vêm demonstrando que o ultrassom terapêutico possui a capacidade de modificar a função endotelial. Entretanto, o seu mecanismo de ação e esse efeito ainda não são bem compreendidos e parecem ser dependentes dos parâmetros de aplicação do ultrassom. Esses parâmetros compreendem a frequência de onda (1 e 3 MHz), o tipo de onda (contínuo e pulsado), a intensidade (0,1 a 3 W/cm2SPTA) e o tempo de aplicação (2 a 10 min). Essa pesquisa teve como objetivo avaliar diferentes intensidades, tipos e frequências de onda do ultrassom terapêutico sobre a função endotelial arterial de voluntários saudáveis. Fizeram parte dessa pesquisa 30 (16 mulheres) voluntários, os quais foram divididos em dois estudos, e a função endotelial (Flow-mediated vasodilation: FMD) foi mensurada antes e imediatamente após cada aplicação ultrassônica de cinco minutos. No “estudo número 1”, 15 (8 mulheres) voluntários foram submetidos à aplicação ultrassônica de 1MHz (0,1, 0,4, 0,8, 1,2 e 1,6W/cm2SPTA, ciclo de trabalho de 20%), e os outros 15 voluntários (8 mulheres) fizeram parte do “estudo número 2”, com a aplicação ultrassônica de 3 MHz (0,4W/cm2SPTA, ciclo de trabalho de 20%). Nossos resultados mostraram que as formas de onda do ultrassom terapêutico promovem a vasodilatação endotélio-dependente e que os seus efeitos começam a partir da intensidade de 0,4W/cm2SPTA atingindo seu ápice em 1,2W/cm2SPTA. A onda pulsada apresentou-se mais eficiente que a contínua, pois com apenas 20% da dose empregada foi capaz de produzir o mesmo efeito vasodilatador na artéria braquial. Também não foram encontradas diferenças entre as frequências de onda de 1 e 3 MHz, pois ambas as frequências foram responsáveis pelo aumento do diâmetro arterial e da vasodilatação dependente do endotélio. A melhora da função endotelial é importante em decorrência de sua ação vascular na regulação do tônus e de sua influência no processo cicatricial dos tecidos musculoesqueléticos devido à produção de óxido nítrico. Além disso, destaca-se a importância do conhecimento sobre os parâmetros de aplicação ultrassônicos, pois sugere-se que há um intervalo de intensidade efetiva e influência da capacidade de condução de calor e das propriedades acústicas do tecido, além da escolha da frequência de onda.