Doenças inflamatórias das vias aéreas são de alta importância na clínica equina, especialmente em animais atletas. A obstrução recorrente das vias aéreas (ORVA) é uma enfermidade crônica dos equinos estabulados por longos períodos, que se manifesta por dispneia, intolerância ao exercício e esforço abdominal expiratório, tosse e corrimento nasal. Este trabalho teve por objetivo avaliar a terapia celular autóloga, utilizando a porção de células mononucleares derivadas da medula óssea (CMNDMO) dos animais com ORVA e comparar com a dexametasona usada convencionalmente. A hipótese do presente estudo é de que o grupo tratado com terapia celular autóloga por células mononucleares apresenta melhora equivalente ao grupo tratado com dexametasona via oral, para equinos com ORVA. Foram estudados treze equinos mestiços, de ambos os gêneros, com idade média de 16,3 ± 2,2 anos e peso de 478,2Kg ±15,8, com histórico de dispneia, os quais tiveram a medula óssea coletada a partir do esterno e a fração mononuclear isolada por gradiente de densidade e posteriormente criopreservada a -192°C. A indução ao quadro clínico foi procedida sacudindo feno próximo às narinas por dois minutos ao dia e revirando as camas 4 minutos por dia até o quadro desejado. Este foi considerado adequado quando os equinos apresentaram expiração abdominal prolongada, tosse, ausência de febre e presença de muco nasal, tendo neutrofilia superior a 25% no lavado broncoalveolar (LBA) e escore clínico de no mínimo 10 segundo Tesarowski et al. (1996). A perda amostral foi de cinco animais que não entraram no quadro desejado, restando oito animais, que foram divididos em dois grupos, o controle positivo Gdex (n=4), que recebeu dexametasona por 21 dias conforme De Luca et al. (2008) e, o Gcel (n=4) que recebeu uma única instilação intratraqueal com 500x10⁶ a 1x10⁹ de CMNDMO. Tiveram a substituição do feno e da aveia por verde fresco e ração peletizada. Durante o tratamento, os cavalos de ambos os grupos foram reavaliados aos sete e 21 dias. A análise estatística foi realizada por análise de variância (ANOVA one-way) seguida do teste de Tukey de múltipla comparação, e teste de Mann Whitney,e os valores são apresentados como média ± desvio padrão da média (SD). Houve diminuição do esforço respiratório nos dias 7 e 21 em relação ao dia 0 para Gdex (p=0,005 e p=0,01, respectivamente) e para Gcel (p=0,047 e p=0,004, respectivamente), e no escore de Tesarowski nos dias 7 e 21 em relação ao dia 0 para Gdex (p=0,003 e p=0,015, respectivamente) e para Gcel (p=0,006 e p=0,004, respectivamente). Houve declínio significativo do número de neutrófilos nos dias 7 e 21 em relação ao dia 0 para Gdex(p=0,0007 e p=0,0001, respectivamente) e para Gcel (p=0,06 e p=0,05, respectivamente). Concomitantemente houve um aumento de macrófagos nos dias 7 e 21 em relação ao dia 0 para Gdex (p=0,001 e p=0,011, respectivamente) e para Gcel (p=0,039 e p=0,056, respectivamente). No presente estudo, conclui-se que a instilação intratraqueal com CMNDMO melhora o quadro inflamatório em cavalos com ORVA mantidos estabulados, por um período de pelo menos 21 dias, igualmente à dexametasona.