Introdução: Estatísticas sobre a ocorrência de casos novos de câncer são
fundamentais para o planejamento e monitoramento das ações de controle da doença.
No estado de São Paulo, a incidência de câncer é obtida indiretamente por meio de
estimativas oficiais (para o estado como um todo e sua capital) e, de forma direta, em
poucos municípios cobertos por Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP).
Existem três RCBP ativos (São Paulo, Jaú e Santos), um inativo e um em
reimplantação. Dado o desconhecimento do panorama da incidência de câncer em
áreas não cobertas por RCBP, este estudo teve como objetivo apresentar as
estimativas da incidência de câncer - coeficientes gerais (brutos e padronizados) e
específicos por sexo e tipo de câncer para as 17 Redes Regionais de Atenção à Saúde
(RRAS) de São Paulo e municípios, em 2010. Método: Utilizou-se como estimador
da incidência de câncer, a razão Incidência/Mortalidade (I/M), por sexo, grupo etário
quinquenal dos 0 aos 80 anos e localização primária do tumor, contendo no
numerador, dados agregados sobre o número de casos novos de RCBP com dados
disponíveis e, no denominador, o correspondente número de óbitos oficial. À estas
razões, foram multiplicadas o número de óbitos por câncer de cada município ou
conjunto de municípios formadores das RRAS. O método de referência foi aquele
utilizado no Globocan series, da Agência Internacional de Pesquisa contra o Câncer.
Resultados: Estimaram-se 74.186 casos novos de câncer para o sexo masculino e
75.390 casos para o feminino. No sexo masculino, a RRAS 16 apresentou o maior
coeficiente de incidência padronizado (404,7/100 mil), e a RRAS 10, o menor
(288,6/100 mil). Os tumores malignos mais incidentes em homens foram próstata
(76,7/100 mil), cólon/reto/anus (26,5/100 mil) e traqueia/brônquio/pulmão (15,8/100
mil). Entre as mulheres, os coeficientes de incidência padronizados foram de 170,4/100 mil (RRAS 11) a 252,4/100 mil (RRAS 07); o câncer de mama foi o mais
incidente (58,2 casos/100mil), seguido pelos tumores de cólon/reto/anus (22,6/100
mil) e de colo uterino (9,0/100 mil). Em ambos os sexos, observou-se variabilidade
no padrão de incidência de câncer entre RRAS e os diversos tipos de câncer, com
estimativas de risco que, em muitas vezes, ultrapassam a magnitude apresentada para
o estado. Conclusões: Os RCBP constituem a única fonte de informação sobre casos
incidentes de câncer. Seus dados podem ser usados na obtenção de estimativas
regionais para retratam os diferentes perfis epidemiológicos, no entanto, a magnitude
estimada da ocorrência da doença pode apresentar-se sub ou superestimada
refletindo, diretamente, a qualidade das informações e o padrão observado em um
registro de maior representatividade.