São apresentados os resultados da parametrização do fluxo de metano na interface água-atmosfera em reservatórios de usinas hidrelétricas. Entre 2011 e 2013, foram realizadas quarenta e seis campanhas de coleta de dados em onze reservatórios (Batalha, Belo Monte, Santo Antônio, Balbina, Funil, Itaipu, Segredo, Serra da Mesa, Três Marias, Tucuruí e Xingó), localizados em todas as regiões do Brasil. O fluxo de metano foi determinado através da técnica de câmara estática e o metano dissolvido na água pela da técnica de “headspace”. A média geral de fluxos difusivos para todos os reservatórios foi de 12,4 ± 16,8 mg CH4 m-2 d-1 (n = 989) e para ebulitivos foi de 888,6 ± 1872,8 mg CH4 m-2 d-1 (n = 88). Variáveis que poderiam ter influência nos fluxos de metano, como profundidade, temperatura do ar e da água, pH, potencial de oxirredução, oxigênio dissolvido e total de sólidos dissolvidos, foram medidos nos pontos de coleta, mas não foi observada predominância de correlação de alguma delas com os fluxos. Em apenas cinco reservatórios (Belo Monte, Balbina, Itaipu, Segredo e Xingó) foram coletadas todas as informações necessárias para o cálculo da constante de troca gasosa k (fluxo, temperatura da água, concentração do metano dissolvido na água e no ar). Nestes cinco reservatórios, foi possível obter uma relação entre k e a velocidade do vento quando se considerou velocidades inferiores a 4 m/s. A análise individual mostrou que esta correlação não pode ser extrapolada para todo o reservatório nos casos de Balbina, Segredo e Xingó. Para Belo Monte e Itaipu determinaram-se os índices que permitiram a parametrização da equação de k em função da velocidade do vento, tornando possível estimar o fluxo de metano a partir de medidas indiretas. A comparação entre os fluxos estimados e medidos para Belo Monte e Itaipu mostrou alta correlação (Belo Monte: r = 0,82; Itaipu : r = 0,99). Uma comparação das médias gerais mostrou que, em ambos os casos, o fluxo estimado foi maior que o medido.