O fenômeno de redução vegetativa em espécies epífitas de Bromeliaceae tem sido por anos relatado e difundido na literatura, sendo muitas vezes observados reflexos desta teoria no âmbito prático de cultivo destas espécies. A teoria estabelece que a absorção de recursos como água e nutrientes é exercida preferencial ou exclusivamente pelas folhas, enquanto as raízes restringiriam-se à função mecânica de suporte ao forófito. No entanto, recentes estudos (como a presença de velame e crescimento de plantas em situações de cultivo quando adubadas apenas nas raízes), apontam para a funcionalidade do sistema radicular de bromélias epífitas, sendo observada a necessidade de ampliar as discussões sobre o potencial de absorção dos diferentes órgãos vegetativos e as suas capacidades para promover o crescimento destas espécies. O objetivo do estudo foi analisar as respostas dos órgãos vegetativos (tanque ou raiz), na manutenção do crescimento das variedades epífitas de bromélias ornamentais Guzmania lingulata e Vriesea `Harmony´, submetidas a diferentes regimes hídricos e adubação nitrogenada, buscando avaliar por meio de parâmetros morfológicos e fisiológicos os métodos de manejo mais adequados para promover o pleno crescimento destas plantas. Para tanto foram desenvolvidos dois experimentos: o primeiro submetendo as plantas aos regimes de regas: Controle (aplicação de água nos dois órgãos vegetativos), Tanque (regas no Tanque), Raiz (regas no substrato), Seca (imposição de suspensão hídrica durante os 90 dias de experimento) e Reidratação (retorno de regas após 60 dias de suspensão hídrica) e o segundo as plantas foram submetidas às adubações exclusivas no Tanque ou na Raiz com diferentes concentrações de nitrogênio aplicadas na forma de ureia. O primeiro experimento mostrou que a rega apenas no sistema radicular foi eficiente para manter o status hídrico das plantas assim como os tratamentos Controle e Tanque. Nesses três tratamentos observaram-se as maiores respostas biométricas, de biomassa e fotossintéticas, demonstrando que os três modos de regas foram adequados para promover o crescimento das plantas, sendo a raiz funcional e altamente eficaz na absorção de água. A suspensão hídrica promoveu a diminuição do conteúdo hídrico e ocasionou prejuízos ao crescimento, reduzindo todos os parâmetros mensurados (biometria, biomassa e fotossintéticos). No entanto, as plantas sob déficit hídrico foram às únicas que apresentaram acúmulo noturno de ácidos orgânicos, associando com outras características são indícios da adesão do modo fotossintético CAM-cycling, estratégia que pode conferir vantagens frente ao estresse hídrico. As plantas reidratadas, após 60 dias de suspensão hídrica, apresentaram alta capacidade de recuperação do conteúdo hídrico e rápido aumento do crescimento, apresentando em todas as variáveis mensuradas valores similares aos dos tratamentos regados desde o início da experimentação. No segundo experimento as plantas cresceram durante os 90 dias de experimentação e foram responsivas ao nitrogênio, aumentando o número de folhas, área foliar e massas de matéria fresca e seca total. Observou-se que a adubação apenas no substrato foi eficaz para assegurar a manutenção das respostas fotossintéticas (eficiência quântica potencial do PSII, teores de pigmentos fotossintéticos e assimilação líquida de carbono), a absorção de nitrogênio, o crescimento e acúmulo de biomassa. Apesar das plantas adubadas na Raiz terem apresentado menor eficiência de absorção de nitrogênio quando comparadas às plantas adubadas no Tanque, estas apresentaram maior capacidade de utilização e conversão em biomassa, refletindo em maior eficiência do uso de nitrogênio. Os resultados demonstram a funcionalidade do sistema radicular das bromélias epífitas Guzmania lingulata e Vriesea `Harmony´ na manutenção do status hídrico e nutricional do nitrogênio, promovendo o crescimento e desenvolvimento das plantas com a mesma eficiência do Tanque.