Diversas pesquisas indicam os benefícios da relação família e escola no desenvolvimento e desempenho do alunado público alvo da educação especial (PAEE), principalmente na educação infantil. Contudo, também apontam a carência de informação e formação por parte dos profissionais escolares para o estabelecimento desta parceria com as famílias. Considerando tais necessidades, foi realizado um programa de intervenção visando oferecer alternativas que favorecessem a relação entre família e escola de alunos PAEE pré-escolares. A pesquisa teve como objetivos: (a) identificar as possíveis mudanças nas opiniões de profissionais escolares sobre as temáticas “famílias”, “famílias de crianças público alvo da educação especial” e “relação família e escola”, após a participação em um programa de intervenção; (b) analisar a relação família e escola, ao longo da participação de profissionais escolares em um programa de intervenção e (c) avaliar a validade social e a estrutura do programa de intervenção. A coleta de dados ocorreu durante um programa de intervenção oferecido para sete profissionais escolares pré-escolares municipais que lecionavam para criança(s) PAEE. O programa de intervenção ocorreu nas dependências da universidade e foi composto por nove encontros de duas horas de duração cada, totalizando 18 horas. Para alcançar os objetivos propostos, as participantes responderam: (a) um questionário de dados de identificação; (b) um roteiro de grupo focal pré e pós-teste e (c) um questionário de avaliação do programa de intervenção. As profissionais escolares também descreveram em um diário de campo, os contatos que estabeleceram com os familiares de uma criança PAEE. Foi realizada análise de conteúdo com os dados obtidos nos grupos focais e nos diários de campo e análises quantitativas e qualitativas com os dados obtidos por meio do questionário de avaliação do programa de intervenção. Como resultados, verificou modificações a nível conceitual pelas profissionais escolares sobre as temáticas abordadas, após a participação no programa de intervenção, identificando-se que as opiniões e concepções das mesmas mostraram-se mais aperfeiçoadas e relacionadas a aspectos positivos, com menor frequência de referências à cobrança, estigmatização, culpabilização e atribuições negativas às famílias, além de citarem mais questões relacionadas ao envolvimento com a família e os benefícios ao desenvolvimento do aluno. Quanto à relação prática entre as participantes e os familiares do aluno PAEE, de forma geral, não foram constatadas mudanças significativas na quantidade, frequência e duração dos encontros. Porém, foi possível perceber modificações positivas em alguns casos, como maior frequência de assuntos positivos, agradáveis e que evidenciavam o progresso do aluno em âmbitos desenvolvimentais, comportamentais e/ou de desempenho, além das modificações nas avaliações quanto à produtividade dos encontros estabelecidos e quanto às posturas dos familiares durante o mesmo. Ainda, verifica-se que as barreiras e fatores prejudiciais à relação tenderam a diminuírem. Quanto à avaliação do programa, os aspectos citados como positivos referem-se à possibilidade às e estratégias de contato e a contribuição para o estabelecimento da relação com a família. Além disso, a totalidade das participantes alegou: (a) satisfação quanto ao dia, quantidade e frequência dos encontros, (b) que o programa auxiliou em sua prática docente e (c) que o indicaria para um colega. Por fim, seis das sete participantes afirmaram perceber mudança em seu relacionamento com os familiares do aluno PAEE. Os achados permitiram maior investigação sobre o tema e apresentou resultados favoráveis ao relacionamento entre família e escola na realidade investigada, oferecendo assim, subsídios estruturais e metodológicos a serem utilizados na criação de programas de intervenção e/ou cursos de formação inicial e continuada.