A dor é um dos fatores que pode gerar diversas complicações ao paciente no pós-operatório (PO) principalmente devido a queda na função respiratória. A melhor analgesia no PO continua sendo um desafio. Objetivo: Verificar a ocorrência de alterações espirométricas, de força muscular respiratória e dor pós-operatória em dois grupos de pacientes submetidos à revascularização do miocárdio (RM), um com a analgesia padrão (PA) e o outro com a analgesia controlada pelo paciente (PCA) e testar se existe superioridade de um modelo analgésico sobre o outro. Casuística e métodos: o estudo foi realizado em pacientes submetidos à RM com circulação extracorpórea, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. Eles foram divididos em grupos de acordo com a forma de analgesia pós-operatória: PA ou PCA. A determinação da alocação dos pacientes nos grupos foi aleatória. Os voluntários foram avaliados por meio de ficha com dados e antecedentes pessoais, hábitos de vida, informações sobre as características do procedimento cirúrgico; além de testes específicos como: espirometria (CVF, VEF1 e VVM), manovacuometria (pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx)), e escala da dor. A avaliação dos pacientes foi realizada nos momentos: pré-operatório, do primeiro ao terceiro e sétimo PO (1PO, 2PO, 3PO e 7PO), com exceção da espirometria que foi realizada no pré-operatório e no 7PO. Resultados: Foram avaliados 60 pacientes (30 no grupo PA e 30 no grupo PCA). O perfil demográfico dos pacientes foi semelhante nos dois grupos, com exceção da hipertensão arterial sistêmica que esteve presente em 100% dos pacientes de PA e em 86,7% de PCA. Em relação às variáveis espirométricas analisadas em porcentagem do predito, o grupo PCA apresentou valores significativamente maiores de CVF (76,73% X 67,17%), de VEF1 (76,3% X 64,9%) e da VVM (89,17% X 72,23%) no 7PO quando comparado ao grupo PA. A PImáx não diferiu entre os grupos nos momentos estudados e a PEmáx foi significativamente maior no grupo PCA somente no 3PO (61,17 ± 15,57 cmH2O X 46,83 ± 12,28 cmH2O). A dor quando avaliada em repouso teve valores significativamente menores no grupo PCA quando comparada ao grupo PA nos momentos 1PO (2,10 ± 1,35 X 3,50 ±1,46), 2PO (1,40 ± 0,81 X 2,97 ± 1,03) e 3PO (1,13 ± 0,86 X 2,47±1,07). A dor durante a tosse também foi significativamente menor no grupo PCA quando comparada ao grupo PA, no 1PO (4,63 ± 1,81 X 6,20 ± 1,37); 2PO (3,77 ± 1,36 X 5,77 ± 1,10); 3PO (3,27 ± 1,57 X 5,10 ± 0,99) e 7PO (1,63 ± 1,71 X 2,90±1,52). Conclusões: Podemos concluir que no PO de RM os volumes e capacidades pulmonares são reduzidos com qualquer dos dois tipos de analgesia, mas a comparação dos grupos mostrou-se favorável a PCA, onde essa redução foi significativamente menor. As pressões respiratórias também são reduzidas, e a comparação dos grupos não mostrou vantagem para qualquer das intervenções. A PCA mostrou-se superior a PA na sedação da dor, tanto em repouso quanto durante a tosse em todos os momentos estudados.