O estudo da divisão sexual do trabalho na cadeia produtiva do mexilhão Mytella charruana em Vila Nova, Bragança – PA foi desenvolvido no período de julho de 2013 a fevereiro de 2014 a janeiro de 2014, com o principal objetivo de analisar a participação e a valorização da mulher nas atividades desse processo. Para tal optou-se por duas categorias de análise: comunidade tradicional e divisão sexual do trabalho, tendo como fundo a cadeia produtiva do mexilhão Mytella charruana. A pesquisa seguiu os princípios do método qualitativo, tendo como amostra dez famílias, que foram selecionadas em função de organizarem as atividades de extração do molusco num mesmo local. Usou-se como instrumento metodológico a técnica efeito bola de neve, para identificação das lideranças e formação do grupo amostral; a entrevista, o questionário, a conversa informal, a observação participativa, além de registros fotográficos. A investigação resultou na identificação do trabalho da mulher e do homem na cadeia produtiva: coleta, catação e comercialização do mexilhão Mytella charruana, concluindo-se que a partir do momento que o produto começou a ser inserido no mercado, o homem ficou responsável pela coleta, pela fase inicial e final da catação e pela comercialização do molusco, cabendo a mulher o preparo do espaço para o recebimento do produto após a coleta, a limpeza de cada molusco, a catação de resíduos depois da primeira peneiragem, da organização da catação revisada de cada concha para retirada de possível massa retida, somando às atividades domésticas cotidianas. Embora o trabalho da mulher, a higienização rigorosa no trato do mexilhão seja considerado o diferencial para a preferência dos compradores da região, a maior valorização é dado ao trabalho do homem, considerado o mantenedor da casa. Foram avaliadas as diferenças no comprimento da concha de M. charruana entre os meses estudados, onde houve diferenças significativas entre janeiro e fevereiro (p < 0,05). A investigação apontou para indícios de exploração desordenada desse recurso natural, que precisa de normatização e cuidados para o manejo, a fim de assegurar a manutenção do estoque.