OBJETIVOS: Avaliar o efeito do redutor de ruído e do microfone direcional na percepção de fala no ruído, em idosos, novos usuários de próteses auditivas, e verificar qual recurso proporcionou melhor inteligibilidade de fala; investigar a autopercepção do desempenho com o uso das próteses auditivas com diferentes ajustes e analisar se há relação com o reconhecimento de fala na presença de ruído; identificar o melhor desempenho dos idosos novos usuários de próteses e analisar quais aspectos influenciaram: ajustes das próteses auditivas e/ou fatores individuais como grau e configuração da perda auditiva, triagem cognitiva e habilidades de figura-fundo para sons verbais e ordenação temporal auditiva. METODOS: O grupo estudado foi composto por 36 indivíduos, com idade entre 60 e 87 anos, perda auditiva neurossensorial de grau leve a moderadamente severo, em processo de adaptação das próteses auditivas.Os mesmos foram avaliados por meio do teste Listas de Sentenças em Português Brasileiro, em campo sonoro, e assim obtidos os índices percentuais de reconhecimento de sentenças no ruído (IPRSR) com as próteses auditivas, com diferentes ajustes: microfone omnidirecional, redutor de ruído e microfone omnidirecional, microfone direcional, e redutor de ruído e microfone direcional . Para investigar a autopercepção com as diferentes programações, foi aplicado o questionário de autopercepção com o uso das próteses auditivas, desenvolvido para este estudo. Já para averiguar os fatores que pudessem influenciar no desempenho do idoso com o uso das mesmas, foram utilizadas as médias tritonais das frequências de 500,1000 e 2000 Hz e 3000, 4000 e 6000 Hz. Também foram aplicados os seguintes testes: triagem cognitiva, teste dicótico de dígitos, e teste padrão de duração. RESULTADOS: Em relação aos resultados do teste LSP, quando fala e ruído foram apresentados a 0º/0º azimute, as medianas dos escores de acertos do IPRSR foram de 76,74% com o microfone omnidirecional; 84,95% com o redutor de ruído e microfone omnidirecional; 84,40% com o microfone direcional; e 86,63% com o redutor de ruído e microfone direcional. Já quando o ruído foi apresentado a 0º/180º, as medianas foram de 77,4% com microfone omnidirecional 83,79% com o redutor de ruído e microfone omnidirecional; 89,46% com o microfone direcional; e 91,99 com o redutor de ruído e microfone direcional. Não foi encontrada correlação entre os IPRSR obtidos com os diferentes ajustes e a pontuação do questionário de autopercepção com o uso das próteses auditivas. Uma vez que avaliações clínicas tendem a mostrar resultados divergentes em relação aos encontrados em questionários de autoavaliação, medidas objetivas e subjetivas devem ser associadas para a verificação de possíveis benefícios proporcionados pelo microfone direcional e redutor de ruído. Quando fala e ruído vieram da mesma direção (0/0º azimute), não houve predominância um dos ajustes no melhor desempenho no IPRSR. Já na condição que o ruído incidiu atrás do sujeito (0/180° azimute), o microfone direcional e este associado ao redutor de ruído foram imprescindíveis para o melhor desempenho. Houve correlação entre o IPRSR a 0/0º e o teste dicótico de dígitos. CONCLUSÕES:Foram observados melhores resultados no teste de sentenças no ruído com o uso do redutor de ruído e do microfone direcional nas duas situações de avaliação, porém, quando fala e ruído estavam separados espacialmente, o microfone direcional proporcionou um desempenho ainda mais satisfatório. Em relação autopercepção do desempenho com o uso de próteses auditivas, não foi encontrada correlação entre os resultados do questionário e do teste de fala no ruído, com as quatro diferentes possibilidades de ajustes analisadas neste estudo. Quanto aos aspectos que pudessem influenciar do desempenho com as próteses auditivas, sugere-se que a habilidade auditiva de figura-fundo para sons verbais, mostrou ter influência no desempenho comunicativo do idoso quando o ruído incidiu a 0º/0º; já a 0º/180º, o microfone direciona e este associado ao redutor de ruído auxiliaram o indivíduo a responder os estímulos apresentados de maneira mais eficiente.