Este trabalho de pesquisa foi realizado no Colégio Estadual Itacelina Bittencourt
– EFM, na cidade de Cianorte, noroeste do Paraná. Buscamos, pelas le
ntes dos Estudos Culturais da Ciência, em uma perspectiva latouriana, realizar um estudo etnográfico
acerca do fluxo das diferenças no laboratório de Ciências desse colégio. Nosso interesse
central é acompanhar e descrever como, no caso específico de uma
atividade prática de Química para alunos do 3º ano do Ensino Médio, os
actantes estabelecem conexões evocando constantemente o par humano e não humano.
O laboratório escolar e seus instrumentos, durante a realização da atividade
prática, são instituídos como um lócus, ou seja, um espaço de significação, saindo de um arsenal de recursos teóricos e materiais para uma visão panorâmica, rumo à concretização do efeito pedagógico
pretendido pela professora de Química. Os não humanos ensinam tanto como o humano
na captura e sedimentação de informações, atuam no processo de (re)
produção do laboratório como local não apenas do saber químico, mas também na inclusão de
comportamentos e valores próprios da suposta comunidade científica. Portanto, as
atitudes dos alunos em relação à prática demonstraram uma performance, quando, por
exemplo, um desses, ao entrar no laboratório, afirma: “sou químico, professora”. Uma
das possibilidades de leitura dessa prática oportuniza observar o princípio da simetria na
performance desse par. Naquele contexto, no laboratório, observamos um processo de
mobilização de elementos humanos e não humanos, os quais, na relação, foram
alistados em nome da retórica da ciência e que, ao mesmo tempo, tornam o laboratório
um local, um espaço de translação, em que emerge um tipo específico de
performance: a de químico.