O esforço mental é um estado psicofisiológico causado por uma atividade cognitiva
sustentada e prolongada. A compreensão dos possíveis efeitos do esforço mental sobre o
desempenho físico, e suas respostas fisiológicas e psicológicas, são de grande importância
para o desempenho de diferentes ocupações, tais como militares, trabalhadores da construção
civil, atletas (profissionais ou recreativos) ou, simplesmente, praticantes de exercício físico
regular, visto que estas ocupações frequentemente combinam tarefas físicas e mentais durante
a realização de suas atividades. Contudo, os efeitos da execução de uma tarefa mental sobre as
respostas a exercícios aeróbios são pouco conhecidos. O objetivo deste estudo foi investigar
os efeitos de uma tarefa mental sobre o desempenho físico, e suas respostas fisiológicas e
psicológicas associadas, durante diferentes modelos de exercícios. Homens saudáveis, e
fisicamente ativos por pelo menos 2,6 ± 2,0 anos (n = 9), participaram do estudo que
investigou os efeitos da tarefa mental no exercício aberto (estudo 1), um teste incremental
máximo (TIM), enquanto ciclistas do sexo masculino (n = 8), com experiência em provas do
tipo contra-relógio (5,5 ± 3,2 anos) participaram do estudo 2 que investigou os efeitos da
tarefa mental no exercício fechado, um teste de 20-km. Os participantes realizaram 3 (estudo
1) ou 4 visitas (estudo 2), separadas por um intervalo entre 3 e 7 dias, em ordem aleatória e
contrabalanceada. Medidas de desempenho (tempo de exercício e potência mecânica gerada -
PP), fisiológicas (VE, VO2, VCO2, FC, RER e EMG), registradas continuamente, e
psicológicas (PSE, PAE, ATI e motivação) foram obtidas durante e no ponto final dos
modelos de exercícios, de ambos os estudos. Os resultados do estudo 1 demonstraram que a
execução de uma tarefa mental aumentou a FC durante a sua realização (p = 0,04), com a
diminuição do desempenho cognitivo (tempo de reação, p = 0,04) e alterações das respostas
psicológicas (afeto positivo, fadiga, confusão mental e DTH) (p < 0,05). Durante o exercício
aberto, o TIM, o esforço mental prévio reduziu o tempo de exaustão (p = 0,01) e a PPPICO (p =
0,03 e p = 0,02, expressa de forma absoluta e relativa, respectivamente), sem provocar
alterações significantes entre as condições nas variáveis fisiológicas investigadas (p > 0,05).
Ademais, o esforço mental induziu maiores valores de PSESLOPE durante o exercício (p =
0,03). Com relação ao estudo 2, a execução do esforço mental ocasionou deterioração do
desempenho cognitivo (falsos alarmes, p = 0,04) e modificou, negativamente, as respostas
psicológicas (afeto positivo, afeto negativo, tensão, vigor, confusão mental e DTH) (p > 0,05).
A execução do esforço mental prévio aumentou o tempo para completar o teste de 20-km (p =
0,02), com menores valores de PPMEDIA quando comparada à condição controle (p = 0,03),
sem afetar as respostas fisiológicas entre as condições (p > 0,05). Ademais, os participantes
adotaram a estratégia de prova em forma de “J” em ambas as condições. Efeitos significantes
foram observados no fator distância em ambas as condições (p < 0,001). Ainda, o esforço
mental induziu maiores valores de PSESLOPE durante o exercício (p = 0,04). Enfim, de acordo
com a nossas hipóteses, o esforço mental derivada de uma tarefa mental interfere no
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desempenho físico, diminuindo o tempo de exaustão no TIM, e aumentando o tempo gasto
para completar o teste de 20-km, sugerindo menor tolerância ao exercício, em ambos os
modelos de exercício, alterando as respostas da PSE ao longo do exercício.