O Brasil possui uma flora orquidológica privilegiada, com ocorrência de 2500 a 3000
espécies entre 195 gêneros. Dentre estes destaca-se o gênero Catasetum, o qual
possui aproximadamente 300 espécies. Com o presente trabalho objetivou-se a
caracterização citológica a partir da análise da morfometria cromossômica e
quantificação do DNA por citometria de fluxo das espécies Catasetum boyi Mansf
(1930), Catasetum blackii Pabst (1964), Catasetum fimbriatum Lindl (1850),
Catasetum juruenense Hoehne (1915), Catasetum schimidtianum Miranda &
Lacerda (1992), e do híbrido Catasetum x altaflorestense Benelli & Grade (2010), a
fim de contribuir para o conhecimento da variabilidade cariológica dessas plantas e
gerar resultados que possam fornecer subsídio para caracterizar o gênero. As
sementes de cápsulas maduras de Catasetum foram esterilizadas e semeadas em
frascos contendo meio MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de 1,0 g L-1
de
carvão ativado, 30,0 g L-1
de sacarose e 7,0 g L-1
de ágar. Para o bloqueio celular foi
usado o herbicida trifluralim 3 µM, e as radículas ficaram em contato com o anti-
tubilinico durante 18 horas a 4ºC. A metodologia para o preparo das lâminas foi
seguida de acordo com Carvalho & Saraiva, (1993), pela técnica de dissociação
celular, e as lâminas foram coradas com 5% de solução de Giemsa. As análises
citométricas foram realizadas no Laboratório de Citogenética e Citometria Vegetal,
localizado no Departamento de Biologia Geral (DBG) da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). A partir das avaliações citológicas, da análise estatística e da
quantificação de DNA por citometria de fluxo realizada com as cinco espécies do
gênero Catasetum e o híbrido natural, podemos concluir que o híbrido Catasetum x
altaflorestense Benelli & Grade (2010) é um tetraploide 2n=4x=80 com 20 grupos
cromossômicos, os quais foram classificados como sendo 7m+13sm e a mesma
possui o valor de 6.04 picogramas de DNA; esta encontra-se no mesmo grupo de
similaridade que a espécie Catasetum blackii Pabst (1964), que é um triploide
2n=3x=66, e seus cromossomos foram agrupados em 22 grupos e classificados
como 11m+11sm, a espécie possui o valor de 6.06 picogramas de DNA; o xi
Catasetum boyi Mansf (1930) que é um triploide 2n=3x=54 organizados em 18
grupos cromossômicos com 9m+9sm e 6.03 picogramas de DNA encontra-se no
mesmo grupo de similaridade do Catasetum schimidtianum Miranda & Lacerda
(1992) o qual também é um triplóde com 2n=3x=54 cromossomos organizados em
18 grupos os quais são classificados como sendo 15m+3sm, esta espécie possui
6.05 picrogramas de DNA. A espécie Catasetum juruenense Hoehne (1915) é
classificada como um triploide com 2n=3x=66 cromossomos, agrupados em 22
grupos com 15m+7sm, seu valor de DNA em picogramas é de 6.06; os valores
encontrados pela análise estatística a colocou em um grupo distinto muito próximo
às espécies C. boyii e C. schimiditianum devido ao seu índice de similaridade
interespecífica com estas espécies; e a Catasetum fimbriatum Lindl (1850) encontra-
se isolada dos demais grupos das espécies avaliadas, uma vez que esta é a única
que apresentou valores mais discrepantes por ser um hexaplóide 2n=6x=108
cromossomos os quais foram agrupados em 18 grupos com 6m+12sm e possui
11.34 picogramas de DNA, valor este quase que o dobro das demais espécies
avaliadas.