Este estudo representa uma caracterização preliminar da identidade e qualidade das farinhas de mandioca Copioba e comuns, tradicionalmente produzidas numa pequena área localizada no Vale do Copioba e em regiões vizinhas pertencentes ao Recôncavo Baiano (Bahia-BR). Foram caracterizadas vinte amostras resultantes de processos e origens diferentes. As farinhas de mandioca Copioba referência do Vale foram obtidas por um processo tradicional, caracterizado por uma etapa de secagem suave em três fornos à lenha com controle manual seguidas por três peneirações consecutivas e alternadas. As demais farinhas de Copioba de dentro e fora do Vale realizam a etapa de secagem em fornos elétricos e apenas uma peneiração. O processamento das farinhas de Copioba emprega temperaturas mais brandas por um maior tempo, quando comparadas as farinhas Comuns. De acordo com a legislação (BRASIL, 2011) contatou-se 100% de conformidade das farinhas em relação à umidade (< 13%) e cinzas ( 1,4%), e 100 % de conformidade das farinhas de Copioba e Comum do Vale e 83% das farinhas de Copioba de fora do Vale, em relação ao teor de amido (> 80%).Todas são da Classe Seca, Fina (100% das partículas < 2 mm) e a maioria do Tipo 1 (75% com amido 86%). A composição química, com ênfase nos perfis de ácidos graxos e de voláteis (CG-DIC e CG-EM, respectivamente), foi realizada. As amostras apresentaram baixa atividade de água (0,10-0,61), umidade (1,40-8,42%), cinzas (0,94-1,11%), lipídios totais (0,18-0,62%), proteína bruta (0,85-0,97%), e alto teor de carboidratos (89,31 a 96,84%) especialmente amido (70,53-90,89%), além de elevada acidez (2,13-12,50 meqNaOH 0,1N/100g). A fração volátil apresentou 10 compostos, principalmente aldeídos e cetonas, produtos de degradação da peroxidação lipídica. Entre os aldeídos, o nonanal foi majoritário (40-50% dos voláteis). As farinhas de mandioca Comum possuem um nível de voláteis individuais e totais substancialmente mais altos do que as farinhas de mandioca Copioba produzidas dentro e fora do Vale. Na tentativa de compreender melhor a origem das diferenças de compostos voláteis, os dados obtidos foram comparados e correlacionados entre si, e ao tipo de processamento e origem geográfica das farinhas. As amostras de farinhas foram quimicamente classificadas com base nos estudos de correlação entre a atividade da água, ácidos graxos e os produtos voláteis. A atividade de água é, portanto, importante fator de controle do processamento, manipulação das propriedades e estabilidade das farinhas de mandioca, especialmente das farinhas de Copioba. Estes resultados podem ser explorados, não só para a classificação comercial, mas também para promover o registro de um processo de indicação geográfica (IG) das farinhas de Copioba.