O âmbito educacional sempre se embasou em procedimentos avaliativos em todas as modalidades e etapas de ensino. Esta pesquisa problematiza essa temática e reforça a necessidade de práticas de avaliação no contexto escolar, enquanto suporte para os processos de desenvolvimento, ensino e aprendizagem, com um olhar voltado para a educação inclusiva. O presente trabalho teve por objetivo analisar a dinâmica de avaliação, diagnóstico e encaminhamento de crianças com necessidades educacionais especiais na rede municipal de ensino de uma cidade do interior do Estado do Paraná, sob a ótica dos profissionais envolvidos nesse processo. Os profissionais integrantes da equipe responsável pela referida avaliação, são: psicopedagoga, psicóloga, fonoaudióloga e pedagoga. Embasados numa abordagem qualitativa, realizamos entrevistas com essa equipe e, posteriormente, trouxemos as falas transcritas em três categorias temáticas de análise, quais sejam: a) Critérios de avaliação das crianças; b) Concepções e instrumentos para o processo avaliativo; c) Implicações do processo de avaliação, além disso, realizamos uma coleta documental por meio de levantamentos sobre a implantação da modalidade de educação especial nesse município, buscando dados estatísticos de atendimento e avaliações realizadas nos últimos dez anos. Para essas análises, tivemos por base a pesquisa descritiva exploratória e os pressupostos da análise de conteúdo. Diante da metodologia proposta, os resultados mostraram que a implementação da educação especial neste cenário, teve início na década de oitenta, e, a partir de então foi se instaurando fortemente até abarcar todas as escolas do município. Com isso, as matrículas na modalidade de educação especial tiveram um significativo crescimento. Observou-se que o papel da avaliação psicoeducacional e os seus encaminhamentos são centrados no aluno avaliado e definidos pela equipe. Tal avaliação carrega consigo características clínicas, demonstrando concepções de categorização das deficiências e avaliação com fins de classificação e encaminhamento do aluno avaliado ao Atendimento Educacional Especializado (AEE). A falta de articulação da equipe durante o processo avaliativo foi um dos principais problemas expostos nos relatos dos profissionais. Notamos, também, a ausência de um plano educacional individualizado ao término das avaliações, o que reforça a ideia de inserção do aluno no AEE sem a proposição de uma intervenção pedagógica, diante dos resultados da avaliação. Concluímos que, todos os esforços são válidos diante da preocupação com a educação especial e com a inclusão. E, portanto, com a avaliação não é diferente, desde que ela possibilite condições de ensino e de aprendizagem que respeitem as necessidades de cada aluno, com ou sem deficiência. Para que mudanças significativas aconteçam nesse processo, é urgente uma mudança de conceitos diante da inclusão e da educação especial. Além disso, é urgente a ampliação das dimensões da avaliação e da ação pedagógica para as esferas envolvidas nos processos de ensino, desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos.