O fator crítico no prognóstico de derrames pleurais parapneumônicos (DPP) é o intervalo entre o inicio do quadro e a instituição do tratamento adequado. A toracoscopia é um procedimento cirúrgico seguro e existem evidências de sua superioridade em relação à drenagem simples (DS) no tratamento do DPP loculado. Porém, ainda é frequente a abordagem tardia, com demora no encaminhamento das crianças para serviços de referência. Poucos trabalhos compararam o momento de realização da toracoscopia. O presente trabalho se justifica pela necessidade de se avaliar a evolução e os benefícios do debridamento cirúrgico (DC) precoce. O objetivo foi comparar a abordagem do DPP complicado na fase fibrinopurulenta através de debridamento cirúrgico (DC) precoce e tardio. Trata-se de estudo retrospectivo, com análise dos prontuários de crianças diagnosticadas com DPP complicado na fase fibrinopurulenta, internadas em hospital pediátrico, em Belo Horizonte, MG. Foram incluídas todas as crianças com DPP que apresentavam septações, debris ou loculações à ultrassonografia de tórax e foram submetidas a toracoscopia no período de janeiro de 2000 a janeiro de 2013. Os pacientes foram divididos em dois grupos: 1) DC precoce: DC até o 5º dia da admissão hospitalar e 2) DC tardio: DC após o 5o dia de internação. Foram incluídas 60 crianças, sendo 30 no grupo DC precoce. A média de idade foi de 3,4 anos, 46,7% do sexo masculino. Do total de pacientes, 47 (78,3%) foram submetidos ao DC por toracoscopia primária, sem realização de drenagem simples prévia. A pleuroscopia foi realizada em 19 (31,7%) pacientes e a videotoracoscopia, em 41 (68,3%). Os grupos DC precoce e tardio foram semelhantes (p>0,05) quanto a sexo, idade, peso e tipo de toracoscopia. Houve maior proporção de realização de DS no grupo DC tardio (p=0,057). Observou-se diferença significativa (p<0,001) quanto à média de duração da internação, entre o DC precoce (14,5 dias) e o grupo DC tardio (21,7 dias, p<0,001). Houve diferença (p < 0,05) também quanto ao total de dias com febre, ao total de dias entre a internação e o início da drenagem e ao total de dias com dreno. Quanto ao tempo de internação após a toracoscopia e ao total de dias com dreno somente após a toracoscopia, os grupos precoce e tardio foram semelhantes (p > 0,05). Oito pacientes (13,6%) apresentaram alguma complicação após a toracoscopia. Não houve nenhum óbito. Um paciente precisou ser submetido à toracotomia para decorticação. O presente trabalho mostrou que a toracoscopia precoce, realizada até o 5o dia da admissão hospitalar, esteve associada a menor duração da internação, menor tempo de drenagem e menor duração da febre e não esteve associada a maior frequência de complicações, necessidade de CTI ou hemotransfusão. Ressalta-se que a duração da internação e do tempo de drenagem após a toracoscopia foi semelhante nos dois grupos, sugerindo que o momento da decisão de indicação do DC tenha sido o determinante da evolução.
empiema pleural, toracoscopia, pneumonia, criança.