O dermatófito Trichophyton rubrum (T.rubrum) é o agente causador mais frequente de dermatomicoses superficiais no Brasil e no mundo. Apesar da importância das micoses, somente um número limitado de drogas antifúngicas está disponível atualmente no mercado devido à falta de alvos adequados, pois alguns são também muito tóxicos em humanos. Um dos alvos específicos para esse microrganismo é a parede celular, que realiza funções essenciais para o desenvolvimento: proteção física contra outros microrganismos, manutenção do equilíbrio osmótico da célula, regulação da forma da célula e também media a comunicação entre as células fúngica. No presente estudo foi avaliada a atividade antifúngica de algumas chalconas, e duas foram selecionadas (metoxichalcona e tras-chalcona) para ensaios de investigação da ação dessas substâncias em alvos específicos, como a parede celular do dermatófito T. rubrum. Os CIMs obtidos para ambas as chalconas foram de 7,8 e 31,25 μg/ml, enquanto o controle aculeacina foi de 15,6 e 7,8 μg/ml, para H6 e TruMChalR, respectivamente. Os resultados demonstraram que as chalconas inibiram totalmente a regeneração de protoplastos nas linhagens selvagem e mutante resistente a chalconas, mas na linhagem sensível a inibição foi 8,83 a 54,98%. Estes dados sugerem que as chalconas atuam na membrana e consequentemente na parede celular, pois apresentaram o mesmo efeito que os controles utilizados, Anfotericina B e Aculeacina A, que atuam na membrana e na parede celular, respectivamente. Para os experimentos de expressão, foram utilizados genes envolvidos com a estrutura da parede celular (genes 13, 24, 57, 69, 81 e 82; e 18s constitutivo) para verificar a interação dessas drogas em sua indução ou expressão. As chalconas selecionadas, foram testadas contra a linhagem selvagem H6 e mutante resistente à chalcona, denominado TruMChalR. Na avaliação dos genes por Real Time-PCR na linhagem mutante, os genes 24, 57, 69 e 82 foram induzidos no tratamento com ambas às drogas e o controle aculeacina, que tem como alvo a parede celular fúngica, promoveu a indução de todos os genes desse estudo. No ensaio morfológico, pôde-se observar o crescimento das hifas, e compará-las entre os tratamentos. Para os tratamentos com aculeacina, essas estruturas nas duas linhagens, são bem retorcidas, têm crescimento reduzido em comparação ao controle e muitas ramificações. Para os tratamentos com as chalconas também se vê uma mudança na morfologia, com hifas retorcidas, e no crescimento dessas estruturas, em comparação ao controle não tratado. Finalmente, as chalconas são antifúngicos promissores e parecem atuar na parede celular de T.rubrum.