O vírus da Bronquite Infecciosa (VBI), pertencente à família Coronaviridae, é um importante patógeno à sanidade e fatores econômicos da produção avícola no Brasil e no mundo. O VBI possui múltiplos sorotipos e o frequente surgimento de novas variantes é um dos principais problemas relacionados a este vírus. Este trabalho tem como objetivo a investigação experimental da patogênese de um isolado de pombo (Columba/Brazil/2007/Unicamp/67T), caracterizado molecularmente pelo gene S1 como VBI sorotipo Massachusetts, e seus efeitos in vivo, em galinhas e camundongos. O presente estudo foi dividido em duas partes, na primeira um grupo de aves “specific pathogen free” (SPF) foi inoculado pela via óculo-nasal com a amostra viral proveniente de pombo. Os animais, de um dia de vida, foram sacrificados nos dias 2, 4, 5, 7, 9, 11, 14, 21, 28, 35 e 42 dias pós-inoculação (dpi). Foram coletados suabes de traqueia, seio nasal e cloaca, além de órgãos como pulmão, íleo, pró-ventrículo (coletado entre 7 e 21 dpi), rim, tonsilas cecais (coletada a partir de 4dpi) e testículos (coletado a partir de 5 dpi). Sinais clínicos respiratórios como espirros, estertores, corrimento nasal, além de letargia, diarreia e perda de coordenação foram observados principalmente no 5dpi. A inibição da atividade ciliar ocorreu concomitantemente ao pico de sinais clínicos das aves. Foi analisado tropismo tecidual, através da quantidade de RNA viral detectado, pelo trato digestório. Os maiores títulos de RNA viral foram detectados na tonsila cecal, seguida pelo íleo (ambos no 5dpi) e cloaca (no 2dpi). Além disso, houve detecção de RNA viral no rim e trato respiratório, com maior título de RNA viral na traqueia. Os órgãos que apresentaram maiores danos teciduais através do exame histopatológico foram o rim, íleo e traqueia (todos no 5dpi). Por fim, as aves inoculadas com a amostra do VBI oriundo de pombo produziram anticorpos entre os dias 14 e 21dpi, detectados no soro destes animais através do ELISA. Na segunda parte do trabalho, a capacidade de replicação de diferentes variantes do VBI em camundongos foi avaliada. Para tanto, camundongos das linhagens Balb/C e A/J foram inoculados pela via nasal com duas amostras do sorotipo Massachussets (Mass) e com a variante brasileira (BR-I), e sacrificados no 3, 10 e 14 dpi. Não foram observados sinais clínicos nem lesões macroscópicas graves. O RNA viral foi detectado em todos os órgãos coletados, sendo os principais órgãos de replicação o seio nasal e pulmão (no 3dpi) para os camundongos da linhagem A/J e pulmão e duodeno (ambos no 3dpi) na linhagem de camundongos Balb/C, nos quais os títulos virais detectados foram mais altos. Pneumonia intersticial, edema e infiltrado mononuclear foram as principais alterações histopatológicas observadas no 3dpi em camundongos inoculados com as diferentes variantes. A presença da nucleoproteína viral, pela imunohistoquímica, foi detectada no duodeno, traqueia e pulmão de camundongos no 3dpi nas duas linhagens de camundongos. Os anticorpos contra o coronavírus aviário foram detectados somente no 3dpi. Assim, os resultados do presente estudo demonstraram que a variante Massachussets, com origem de pombo, causa a doença clínica em aves comerciais não vacinadas e pode replicar em modelo mamífero por um curto período de tempo, ressaltando a importância da vacinação e o papel potencial dos roedores como possível reservatório e carreador do vírus.