Plantas ornitófilas de sub-bosque e suas interações com beija-flores. Espécies ornitófilas são encontradas em maior número no sub-bosque de florestas tropicais, sendo Acanthaceae uma das principais famílias com esta síndrome de polinização. Entretanto, várias outras famílias de Angiospermas apresentam espécies polinizadas por beija-flores, sendo este o maior grupo de polinizadores vertebrados do Neotrópico, além de ser o grupo mais representativo e especializado de aves nectarívoras. O presente estudo está organizado em três capítulos, com os
seguintes objetivos: 1) Realizar uma revisão teórica compilando informações sobre os sistemas de polinização e reprodutivos encontrados na família Acanthaceae Juss. no Brasil; 2) Analisar a associação entre as plantas ornitófilas de sub-bosque e beija-flores em dois fragmentos avaliando possíveis níveis de especialização de acordo com os atributos florais; 3) Investigar a biologia da polinização de Geissomeria pubescens Nees (Acanthaceae), incluindo aspectos da morfologia, biologia floral, disponibilidade energética do néctar e sistema reprodutivo. Foram registradas quatro síndromes de polinização em um total de 28 espécies da família Acanthaceae, sendo elas: ornitofilia, melitofilia, psicofilia e quiropterofilia, onde a ornitofilia foi a síndrome predominante e, consequentemente, beija-flores foi o grupo mais comum de visitantes florais. Quanto ao
sistema reprodutivo, 94,1% das espécies de Acanthaceae estudadas no Brasil são autocompatíveis. No estudo da ecologia de comunidades de plantas ornitófilas, foram registradas 12 espécies, sendo Acanthaceae a principal família ornitófila. Thalurania furcata foi o beija-flor que interagiu com o maior número de espécies, sendo considerado generalista. A quantidade média de açúcar produzida na área, por espécie, foi o único fator relacionado com a taxa de visitação. Tal característica pode ser consequência das maiores quantidades de recurso gerar uma maior atração e maior abundância dos beija-flores na exploração dos recursos. G. pubescens é a
espécie ornitófila que ofereceu a maior quantidade de recursos aos beija-flores. Baseado apenas na quantidade de energia disponível por esta espécie vegetal, o fragmento estudado pode suportar até 94,6 beija-flores, diariamente, durante o pico de floração. G. pubescens não produziu frutos por agamospermia e autopolinização espontânea. Com isso, estes resultados demonstram a importância dos beija-flores (únicos visitantes) para que ocorra fluxo de pólen e, consequentemente, formação de frutos na espécie.