Inflamação crônica e alteração estrutural das vias aéreas superiores, refletem um processo generalizado de remodelamento, que inclui também vias aéreas inferiores, embora ocorra em menor extensão na mucosa nasal. Extensão de lesão epitelial na rinite alérgica (RA) e não alérgica (NAR) e associação com alterações inflamatórias no lavado nasal (LN) ainda não está de todo esclarecida. Os objetivos foram comparar pacientes com rinite alérgica e não alérgica, quanto a gravidade de sintomas e sinais de rinite, a relação entre o processo inflamatório na luz da cavidade nasal e extensão de lesão epitelial e espessamento da membrana basal (EMB) da mucosa nasal, além de verificar o ponto de corte do percentual de eosinófilos nas amostras de lavado nasal, que diferencia a presença de atopia. Foram incluídos pacientes com idade entre 14 e 58 anos e diagnóstico de RA (n = 36) e NAR (n = 20). Nos atópicos o teste cutâneo alérgico foi positivo para D. pteronyssinus em 35 (97,0%) e L. perenne em 18 (50,0%). A contagem total e diferencial de células foi feita pela citologia quantitativa do LN. Foram mensuradas as concentrações de albumina e de IL-8 no sobrenadante do LN. À avaliação histopatológica pela coloração Hematoxilina-Eosina, da mucosa do corneto inferior, foram graduados a extensão da lesão epitelial e o espessamento de membrana basal (EMB). Análise estatística para comparação de diferenças entre contagem de células foi feita pelo teste de Mann-Whitney para dados não paramétricos e teste exato de Fisher para comparação de diferenças de frequências. A mediana de idade foi de 24,5 anos. Atópicos apresentaram maior índice de escore clínico de rinite em comparação a não atópicos, respectivamente com mediana de 9(1-18) e 6,5(0-12). A contagem total de células, neutrófilos e níveis de albumina e IL-8, não foi diferente no LN de atópicos e não atópicos. A mediana da contagem de eosinófilos no fluido nasal (ECNF) foi maior em RA (3%) do que em NAR (1%). Para avaliar a acurária da ECNF na distinção de RA e NAR, o melhor ponto de corte foi de 4%. ECNF foi ≥ 4% em 44% dos atópicos em comparação a 20% dos não atópicos, neste ponto a probabilidade de atopia foi 80%, com 44% de sensibilidade e 90% de especificidade. Algum grau de lesão epitelial foi achado mais frequente em RA (94%) do que em NAR (65%). Os resultados foram agrupados de acordo com a presença de EMB, como marcador de remodelamento. As principais diferenças encontradas no LN dos pacientes sem EMB foram maior contagem de eosinófilos (3%) e neutrófilos (47,5%) em atópicos, em comparação à de eosinófilos (1%) e neutrófilos (12%) em não atópicos. Por outro lado, na presença de EMB, não houve diferença no LN de pacientes com RA e NAR. À análise dentro de cada grupo, mostrou que entre não atópicos com EMB, a contagem de neutrófilos no LN foi maior (45%) em comparação aos não atópicos sem EMB (12%). Portanto, nesta casuística, 4% foi o ponto de corte do número de eosinófilos no LN, com maiores índices de sensibilidade e especificidade na diferenciação de pacientes atópicos. Apesar das diferenças nos mecanismos de reação inflamatória em rinite, remodelamento da via aérea, medido pelo EMB, resultou em semelhante infiltrado de células inflamatórias no LN, independente de atopia.