O objetivo geral desta pesquisa foi identificar os impactos da mudança de práticas contábeis,
decorrente da adoção das IFRS, sobre as rubricas patrimoniais e de resultado presentes nas
Demonstrações Contábeis das companhias brasileiras listadas na BM&FBOVESPA. Assim
como ocorreu em outros países, o Brasil aderiu ao processo de convergência mundial para as
IFRS, com a emissão da instrução nº 457/2007 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a
qual determinou que as IFRS seriam obrigatórias para as demonstrações financeiras
consolidadas relativas ao exercício de 2010 e posteriores. Durante o processo de convergência
no Brasil, havia a preocupação de a transição de normas causar diferenças significativas em
rubricas que servem de base para diversos contratos entre agentes econômicos. Por meio de
uma pesquisa descritiva, utilizando o método estatístico como método de procedimentos e a
técnica de documentação indireta, denominada pesquisa documental, que utiliza fontes de
dados secundários, foram analisadas as demonstrações contábeis de 76 companhias abertas
não financeiras listadas na BM&FBOVESPA, pertencentes ao IBrX - Índice Brasil, referentes
ao ano de 2009. Para mensurar os impactos da transição, calculou-se para estas empresas o
inverso do Índice de Comparabilidade de Gray, bem como identificaram-se as rubricas de
balanço e demonstrações de resultado em que ocorreram as maiores diferenças e as normas
causadoras destas diferenças. Os resultados apontaram para diferenças significativas nos
grupos patrimoniais (exceto Passivo Circulante), no resultado e na Composição do
endividamento, com tendência a maiores métricas de Ativo não Circulante, Passivo Não
Circulante e Patrimônio Líquido, além de menor Lucro Líquido e queda no índice
Composição do Endividamento. Os grupos mais impactados foram o Imobilizado, o
Intangível, Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos e Receitas. Dentre as principais normas
causadoras destas diferenças, destacam-se o CPC 26 (Participações de Minoritários), o CPC
27 (Ativo Imobilizado), o CPC 20 (Custos de Empréstimos) e o CPC 38 (Instrumentos
Financeiros). Porém, há de se ressaltar que os impactos não ocorreram de forma homogênea
entre as empresas, pois foram encontrados altos desvios padrão nos impactos causados pelas
normas e nas diferenças das rubricas, o que indica riscos em se tirar conclusões de empresas
individualmente usando estes dados. Ademais, os resultados confirmam o exposto na
literatura selecionada de que as novas normas atingiram cada setor de forma distinta.
Palavras-Chave: Convergência Contábil. CPC. IFRS. Índice de comparabilidade.