Há centenas de anos, as plantas vêm sendo utilizadas no tratamento de inflamações
em diferentes partes do corpo. Por exemplo, o látex da espécie Croton urucurana Baillon,
membro da família Euphorbiaceae, é porpularmente usado no tratamento de câncer,
reumatismo, hemorragias, gripes, úlceras, cólica, diarréia e no combate a infecções. A
presença de alcalóides, compostos fenólicos, diterpenos entre outros demonstrados na
literatura foram responsáveis pelos seus efeitos cicatrizantes, antitumoral e antiinflamatório
(alcalóide taspina) (PERDUE et al.,1979). MATTOS (2001) verificou que a atividade
antinociceptiva deste látex está associada à interação com o sistema opióide, eicosanoides
e neuropeptídeos e seu efeito antiinflamatório está associado à inibição de mediadores
químicos, como prostaglandinas, histamina, leucotrienos e inibição da migração celular.
Estudos realizados por CAVALCANTE (2007) demostraram que o látex de
Calotropis procera foi capaz de reduzir a permeabilidade vascular, os níveis de TNF, o
edema e infiltrado em modelos experimentais de inflamação.
Euphorbia tirucalli, popularmente conhecida como Avelós, é outra planta muito
conhecida por seu efeito na resposta inflamatória. O seu látex é usado, empiricamente,
tanto na prevenção quanto no tratamento de neoplasias malignas, como cicatrizante,
tratamento de diabetes e tratamento de processos inflamatórios (ORTENCIO, 1997).
Estudos realizados demonstram que este látex possui efeito cicatrizante (BESSA, 2010) e
induz proliferação de neutrófilos e ativação de macrófagos com consequente aumento na
produção de citocinas importantes no desenvolvimento da resposta inflamatória e
modulação da resposta imune (SANTANA et al., 2014).
Esses achados indicam que os látex de diferentes plantas apresentam uma série de
componentes químicos que podem ser utilizados como ferramentas alternativas para o uso
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clínico em diversas doenças. Neste trabalho, descrevemos a purificação e a caracterização
de duas novas proteases do látex de Euphorbia millii. Nossos resultados são promissores e
sugerem o uso dessas proteases para o tratamento de disfunções trombóticas e como
parasiticida e bactericida.