Como solução para aumentar a eficácia e a eficiência dos serviços de
radiodiagnóstico, foi desenvolvido, em 2020, o software SisPRad, voltado para a
gestão da proteção radiológica. O software, entretanto, não havia sido incorporado à
rotina diária do serviço para o qual foi desenvolvido e, tentando buscar a solução para
esse problema, o objetivo geral deste estudo foi atualizá-lo por meio do
desenvolvimento de sua segunda versão. Os objetivos específicos do estudo foram:
identificar as fragilidades e as lacunas que a primeira versão do software apresentava,
com o fim de guiar o desenvolvimento da segunda versão; desenvolver a segunda
versão de maneira que pudesse disponibilizar melhorias na conectividade, além de
disponibilizar um sistema de alerta para dosimetria dos indivíduos ocupacionalmente
expostos e para os testes de controle de qualidade de equipamentos; e, por fim, testar
a usabilidade da nova versão. Trata-se de estudo com abordagem qualitativa do tipo
metodológico, quase-experimental, anterior e posterior. O estudo foi constituído de 11
participantes em duas etapas. A primeira etapa serviu para colher informações sobre
as fragilidades do software e sugestões de melhorias. A coleta de dados se deu por
meio de entrevista semiestruturada. As entrevistas foram transcritas e analisadas, tendo como
referência a análise temática de conteúdo da Bardin, e a organização foi realizada com o auxílio
do software MAXQDA. Por meio da matriz SWOT, foi feito o diagnóstico das forças,
fraquezas, ameaças e oportunidades da primeira versão do software em relação aos
ambientes interno e externo em que ele se encontrava. A segunda etapa
compreendeu o desenvolvimento da segunda versão do software, o teste de
usabilidade do software por meio da System Usability Scale e a avaliação da sua
aceitação baseada no questionário Modelo de Aceitação de Tecnologia. O estudo foi
aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa em seres humanos do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina e da Universidade Federal de
Santa Catarina, respectivamente sob os números 5.370.305 e 5.510.209. Os
resultados do estudo foram apresentados por meio de dois manuscritos. O manuscrito
1 refere-se aos resultados da primeira etapa, na qual foi demonstrado que a primeira
versão do software possuía como forças facilidade de uso, ser intuitivo e centralizar
as informações pertinentes à gestão da radioproteção. As fraquezas apontadas foram
ausência de integração ao Sistema de Informação Estadual de Risco e Benefício
Potencial da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina; indisponibilidade e
erros frequentes. Como ameaças, identificaram-se: falta de suporte técnico; falta de
alimentação do software e preocupação dos participantes em relação à segurança e
ao sigilo dos dados. As oportunidades encontradas foram possibilidade de criação de
alertas e alarmes; compartilhamento de informações entre as várias áreas de atuação
dos profissionais do serviço de radiodiagnóstico; integração a sistemas utilizados no
dia a dia da instituição e atualização do software. No manuscrito 2, correspondente
aos resultados da etapa 2, descrevem-se o resultado do desenvolvimento da segunda
versão e as melhorias implementadas a ele como novo layout, criação de sistemas de
alerta para controle de qualidade dos equipamentos e dosimetria dos trabalhadores.
O escore de usabilidade obtido por meio da System Usability Scale foi de 0,70, sendo
considerado como bom. O SisPRad 2.0 foi registrado no Instituto Nacional de
Propriedade Industrial sob o número BR512023003116-0. O software teve aceitação
positiva quanto à percepção da facilidade e à utilidade de uso. O estudo não atingiu
um de seus objetivos iniciais, que era a integração da segunda versão do software
com o Sistema de Informação Estadual de Risco e Benefício Potencial, o que pode ter
contribuído de forma negativa ao escore de usabilidade da segunda versão. Tal fato
abre oportunidade para novo estudo, além da possibilidade de criação de novos
módulos no software e utilização de inteligência artificial.