Desruptoress endócrinos (D.E), como por exemplo, os pesticidas, representam uma classe emergente de contaminantes em sistemas aquáticos, que pode comprometer a vida da biota aquática e de seres humanos. Embora alguns estudos estejam sendo desenvolvidos no sentido de quantificação e verificação da toxicidade dos D.E presentes no ambiente, praticamente não há na literatura registros de estudos associados ao comportamento e disponibilidade destas substâncias em águas superficiais. Este trabalho buscou determinar a presença dos herbicidas 2,4-D(ácido 2,4-diclorofenoxiacético), Atrazina e Linuron e do inseticida Paration Metil, considerados D.E pela literatura internacional, nas águas do Rio Aporé e propor perspectivas de tratamento de águas de sistemas hídricos por meio de adsorventes sólidos de baixo custo. Este rio está localizado no cerrado brasileiro, o qual é marco divisor do Estado de Mato Grosso do Sul com o Estado de Goiás e recebe grande carga de resíduos de produção agrícola. Após a coleta de amostras de água em pontos estratégicos, foi feita extração pela técnica de Extração em Fase Sólida, em cartuchos de sílica C-18 e a detecção em Cromatografia Gasosa acoplada com detector de Espectrometria de Massas. Os materiais testados para a remoção dos pesticidas alvo deste trabalho foram obtidos a partir de: i) argila organicamente modificada com o surfactante N-dodecil-2-pirrolidona (Mo-DDP); ii) garrafas de PET pós uso (PET); III) biomassa de pinhão manso - J. curcas L. (TPMAN); iv) cinzas de casca de arroz (CCA); v) sílica gel organicamente modificada com 2-Amino-1,3,4-thiadiazol (SGT) e vi) carvão ativado a partir de casca de coco (CA). Os estudos de detecção e quantificação dos pesticidas nas águas do Rio Aporé demonstraram a presença dos pesticidas Malation e Dibutilftalato, os quais são considerados D.E por órgãos governamentais brasileiro, americano e europeus. Os adsorventes utilizados apresentaram parâmetros favoráveis ao seu uso para remoção destas moléculas, tanto em estudos de batelada quando em leito fixo. Os parâmetros de adsorção testados mostraram que de 50 a 120 min. de contato são suficientes para a adsorção dos adsorbatos nos adsorventes, a adsorção dos pesticidas Atrazina e 2,4-D ocorrem melhor à pH próximo de 1,0, enquanto os demais praticamente não sofrem influência na adsorção com a variação do pH e o aumento de temperatura foi desfavorável ao processo adsortivo para a maior parte dos ensaios realizados. Foram aplicados os modelos de isotermas de Langmuir, Freundlich, Tempkin e Dubinin- Radushkevich, além dos modelos cinéticos de adsorção em leito fixo: Bohart-Adams,
Thomas, Logit e Yoon-Nelson. O modelo de Freundlic foi o que melhor se ajustou na adsorção em batelada, cujos parâmetros demonstraram que os processos de adsorção são físicos, ocorrendo principalmente pelo processo de adsorção cooperativa e o modelo de Thomas se ajustou muito bem ao processo de adsorção em coluna, demonstrando fortes interações químicas entre o adsorvente e o adsorbato e o modelo cinético que mais se ajustou aos processos de adsorção foi o de Pseudo-segunda ordem. Depois do material adsorvente C.A, o material Mo-DDP foi o adsorvente mais eficiente para a finalidade proposta por este trabalho.