Eficiência energética é uma das estratégias para mitigar os problemas ambientais no mundo. Conservar energia significa diminuir o consumo e reduzir custos, sem perder a eficiência e a qualidade dos serviços. No Brasil após a crise energética de 2001 surgiu a necessidade de elaboração de projetos arquitetônicos energeticamente eficientes para o setor residencial, sem comprometer a qualidade de vida de seus usuários. Visando a redução no consumo energético das edificações foram desenvolvidas regulamentos de eficiência energética. A etiquetagem do nível de eficiência energética de edifícios residenciais foi criada através do Regulamento Técnico da Qualidade para Edifícios Residenciais (RTQ–R) que especifica os requisitos técnicos, bem como os métodos para a classificação de edifícios residenciais através da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), de “A” (mais eficiente) até “E” (menos eficiente). O RTQ–R pode ser utilizado para avaliar diferentes tipos arquitetônicos, comparando sua eficiência energética no contexto das cidades contemporâneas, ou avaliando a evolução da arquitetura, para orientar a tomada de decisões quanto a novos projetos. Em Brasília, a expansão imobiliária forçou as transformações da arquitetura e o surgimento de novos bairros residenciais. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo analisar comparativamente o nível de eficiência energética de edificações residenciais construídas em diferentes períodos, no Plano Piloto da cidade de Brasília. Os edifícios de Brasília podem ser divididos três grandes grupos: o Grupo 1 inclui os edifícios construídos de1960 até fins de 1970, o Grupo 2 de 1980 até 2004 e o Grupo 3 de 2004 até o presente, incluindo aquelas do novo bairro Noroeste, candidato a uma certificação de sustentabilidade. Os procedimentos metodológicos desta pesquisa incluíram o levantamento de edificações correspondentes aos três grupos, com base em características tipológicas e construtivas e a classificação do nível de eficiência energética da envoltória desses edifícios. O método utilizado para obtenção da classificação do nível de eficiência energética foi o prescritivo, apresentado pelo RTQ-R através da avaliação da envoltória. Os principais resultados desta pesquisa foram a avaliação comparativa dos edifícios a partir do diagnóstico do desempenho termoenergético da envoltória e a identificação das variáveis com influência mais significativa. Foi verificado que a edificação do Grupo 1 obteve nível de eficiência “B” (EqNumEnv de 4,43 a 3,86 para todas UH), a do Grupo 2 obteve nível de eficiência “A” (EqNumEnv = 4,68 para 20 UH e de 4,10 a 3,32 para 8 UH) e a do Grupo 3 nível de eficiência “C” (EqNumEnv de 3,87 a 3,71 para 20 UH e de 3,00 a 2,86 para 16 UH). Os resultados apontam a edificação do Grupo 2 como as mais eficientes, e que o edifício do Grupo 3 (Bairro Noroeste) atingiu níveis de eficiência energética inferiores aos dos construídos nas décadas anteriores. Nota-se a influência da forma das edificações, da presença das proteções solares e da compartimentação interna das unidades habitacionais, assim como das aberturas (forma/posição e quantidade) para ventilação e iluminação natural.