Ao considerar a Gramática Tradicional (GT), pode-se perceber que, na área destinada à Morfologia, mais especificamente à formação de palavras, não se analisam processos que, embora produtivos, são considerados marginais. Nesses processos, comumente conhecidos como processos marginais de formação de palavras, enquadra-se o estudo da redução de nomes próprios, isto é, o fenômeno da hipocorização, como em Cristina > Cris e Francisco > Chico.
Como processos morfológicos que não se formam a partir do encadeamento de formativos não são estudados amplamente, busca-se, nesta proposta de análise, apresentar uma abordagem unificada da hipocorização no português brasileiro, a partir da descrição dos quatro tipos de hipocorísticos, apresentados por Gonçalves (2004a).
Cumpre salientar que os padrões de hipocorização já foram estudados e descritos por Gonçalves (2004a), Thami da Silva (2008) e Lima (2008); entretanto, até o momento, não houve uma descrição única da hipocorização no português brasileiro. O objetivo desta proposta de trabalho é mostrar, a partir de um mesmo mecanismo de análise, todas as formas possíveis de encurtamento de prenomes utilizados pelos falantes, como é o caso de Filomena, cujas formas de saída na língua podem ser Mena (padrão A), Filó (padrão B) e Fí (padrão C).
Dessa forma, o presente estudo visa a analisar, de modo unificado, a hipocorização e, para isso, será utilizada a Teoria da Otimalidade (TO), associada ao ROE (do inglês, rank-ordering model of EVAL). A TO trabalha com a hierarquização de restrições universais, fazendo, assim, emergir dessa hierarquia um candidato ótimo. Com a nova dimensão atribuída a AVAL, um dos componentes da gramática da TO, que funciona como o avaliador das formas candidatas a output, é possível trazer à superfície várias formas ótimas utilizadas pelos falantes, de modo a mostrar efetivamente, em um ranking único, todos os padrões de hipocorização do português.