O presente trabalho analisou a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na disciplina de História nos anos finais do ensino fundamental em duas escolas da rede municipal do Rio de Janeiro, procurando investigar o alinhamento do currículo elaborado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ) às prerrogativas dessa política curricular. Como objetivos específicos, este estudo propôs compreender os contextos de implementação da BNCC na rede municipal do Rio de Janeiro; fazer um mapeamento da atuação discricionária dos agentes implementadores e entender o que motiva os agentes a fazerem a escolha curricular. A pesquisa realizada levantou alguns questionamentos importantes: como está ocorrendo o alinhamento curricular na implementação da BNCC no currículo de História desde sua formulação até a sala de aula? Como a SME/RJ está implementando a BNCC? Como os agentes implementadores fazem a reinterpretação desses currículos? Como fazem uso desse espaço de discricionariedade? Que tipo de interação ocorre entre esses agentes? E o que mobiliza os agentes implementadores a fazerem a escolha curricular? Para responder aos questionamentos, foram utilizados como referência, os estudos sobre a implementação de políticas públicas, a partir das pesquisas sobre esta fase do ciclo clássico da política no campo da Ciência Política. Como metodologia, foi realizada uma pesquisa de cunho qualitativo, e se propôs realizar, além de uma análise documental, entrevistas semiestruturadas com os vários agentes implementadores do currículo de História na rede municipal de educação do Rio de Janeiro. A pesquisa de campo envolveu a entrevista com agentes da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ) e da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) - que atuaram ou estão atuando na implementação da BNCC na rede municipal do Rio de Janeiro, resultando em um processo de adaptação curricular. A segunda fase do campo, envolveu um estudo de casos múltiplos em duas escolas da 2a CRE, a partir de entrevistas com os diretores das unidades, coordenadores pedagógicos e professores de História, percebendo-se as ações dos agentes implementadores para reajustar e reinterpretar as normas que regularam o contexto local na implementação das novas diretrizes curriculares. Analisar a triangulação entre os referenciais teóricos, as entrevistas realizadas e a documentação pesquisada, foi de fundamental importância para mapear a atuação dos agentes implementadores e entender suas ações discricionárias, contribuindo para o campo educacional, aprofundando os estudos sobre o contexto da política, suas ambiguidades e conflitos, o papel da burocracia implementadora, a discricionariedade e as interações entre os agentes implementadores. Como resultados da pesquisa, observou-se que a implementação da BNCC apresentou baixo nível de ambiguidade no texto da política assim como um alto grau de conflito entre os agentes implementadores, caracterizando um contexto de implementação política. Em face disso, à implementação do Currículo Carioca apresentou um contexto de implementação experimental, com alto nível de ambiguidade e baixo nível de conflito. As sobreposições das normativas da SME/RJ geraram ambiguidades com relação a implementação da BNCC no Currículo Carioca, assim como a diminuição da carga horária de História provocou variadas percepções sobre a implementação das orientações curriculares. Resultados diferentes das escolas estudadas vão se dar mediante escolhas de implementações diferentes. O maior tempo de permanência do aluno na escola se tornou um aliado para a implementação do Currículo Carioca na disciplina de História. A discricionariedade e a interação dos agentes foram fatores responsáveis pelas reinterpretações e escolhas curriculares e, também, pela busca de estratégias, visando construir alternativas possíveis para o processo de implementação da política.