Leguminosae Juss. configura-se entre as maiores e mais importantes famílias de Angiospermas, representando um dos principais elementos dos ecossistemas brasileiros. Dalbergieae sensu Klitgaard & Lavin (2005), a maior tribo de Papilionoideae, não tem sua circunscrição definida, sendo que a divisão do gênero Aeschynomene em dois subgêneros, Aeschynomene e Ochopodium, é uma das maiores problemáticas da tribo. Sendo assim, são necessários dados adicionais para auxiliar essa questão. Dados citogenéticos são importantes, uma vez que podem demonstrar a base estrutural dos mecanismos envolvidos nas constâncias/mudanças cromossômicas e, consequentemente, as relações evolutivas entre espécies. Desse modo, esse estudo objetivou fornecer e analisar dados citogenéticos de representantes de Dalbergieae, sobretudo do clado Dalbergia s. str., com a finalidade de auxiliar no melhor entendimento taxonômico e evolutivo da tribo. Este trabalho também teve como objetivos aprofundar as análises cromossômicas, a partir da produção de novas sondas para a hibridização fluorescente in situ. Foram utilizadas as técnicas de coloração convencional com Giemsa, de bandamento cromossômico CMA/DAPI e de hibridização in situ (FISH). Foi efetuada uma revisão dos números cromossômicos já publicados para o clado Dalbergia s. str., os quais foram analisados em conjunto com os dados obtidos neste trabalho. As novas sondas foram confeccionadas a partir de sequências de DNA de Phaseolus vulgaris L. inseridas em Cromossomos Artificiais de Bactérias (BACs) e de sequências de DNA microssatélites (SSRs) de Aeschynomene falcata (Poir.) DC. O número cromossômico predominante entre as espécies observadas foi 2n=20, com presença de citótipos decorrentes de aneuploidia e poliploidia. O número básico encontrado foi x=10, tanto para o clado Dalbergia s. str. quanto para a tribo Dalbergieae. As variações de número e morfologia encontradas nas espécies analisadas não permitiram agrupá-las. Dados referentes ao bandamento e FISH mostraram-se homogêneos na maioria das espécies, com duas bandas CMA+/DAPI- terminais ou proximais, dois sítios 5S proximais e dois sítios 45S terminais ou proximais, estes sempre co-localizados com as bandas CMA+/DAPI-, sendo que as mudanças de posição podem estar relacionadas a rearranjos cromossômicos ou transposição. Dentre as sondas confeccionadas a partir de sequências em BACs de Phaseolus, das 10 testadas em seis espécies, apenas uma marcou um par de cromossomos de Aeschynomene sensitiva Sw. na região proximal. Em relação às sondas confeccionas a partir de SSRs de A. falcata, das cinco testadas em seis espécies, três apresentaram sinais em um par cromossômico apenas em A. falcata. Apesar dos dados citogenéticos apresentados neste estudo não fornecerem elementos suficientes para subsidiar as discussões taxonômicas a respeito do clado Dalbergia s. str., em especial do complexo Aeschynomene, os dados permitiram vislumbrar um panorama mais completo da citogenética neste grupo. A partir da ampliação das análises cromossômicas conclui-se que a poliploidia teve um papel importante na evolução cromossômica do grupo. Em conjunto com a poliploidia, rearranjos cromossômicos alteraram posições dos sítios de DNAr 5S e 45S nos diferentes gêneros analisados. Além disso, a utilização de novas sondas permitiu que sequências espécie-específicas fossem encontradas, sendo este um passo importante para a citogenética do grupo em questão.