Os estabelecimentos assistenciais de saúde, além de servirem de local onde
se oferece a assistência à saúde dos pacientes, devem apresentar
características arquitetônicas que conciliem o conforto ambiental aos usuários
com a eficiência energética. Partindo dessa premissa, esta dissertação avaliou
o desempenho térmico e energético de uma tipologia arquitetônica hospitalar
em particular, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), tomando como
base o projeto de referência em três contextos climáticos do Brasil - quenteseco, quente-úmido e subtropical. O estudo cumpriu as seguintes etapas:
revisão de bibliografia, normas e legislações arquitetônicas específicas;
caracterização e análise do objeto de estudo; e, por fim, execução, em duas
fases, de simulações termoenergéticas do ambiente “sala de observação”
ventilado naturalmente, realizadas com auxílio do programa DesignBuilder para
as cidades de Brasília, Salvador e Florianópolis, que caracterizam os climas
supracitados. Na primeira fase de simulações, analisou-se o percentual de
horas ocupadas em conforto (POC), em função do índice de temperatura
neutra (Tn) e a taxa de renovação de ar (ACH), para definir a orientação de
implantação do projeto-referência mais apropriada à obtenção dessas
renovações. Na segunda fase, avaliaram-se os ganhos térmicos da envoltória e
a demanda de energia elétrica da sala de observação em sua forma básica
(caso-base) e em cenários com diferentes propostas para a melhoria da
envoltória (cobertura e sombreamento). Os resultados apontaram que, no
contexto climático de Brasília e Florianópolis, a sala de observação ventilada
naturalmente com melhorias na envoltória – mudança da cobertura e instalação
de dispositivos de sombreamento – alcançou índices satisfatórios de POC de
84% em Brasília e 80% em Florianópolis, bem como ACH superior a 12, além
de eficiência energética nível A em ambas as cidades. No entanto, aplicadas as
mesmas condições para Salvador, apenas o ACH foi satisfatório. No contexto
climático de Salvador, apesar de essas melhorias não possibilitarem ao
ambiente ventilado de forma natural índices adequados de conforto térmico e
eficiência energética, elas permitiram ao ambiente climatizado artificialmente a
redução da demanda de energia elétrica, obtendo nível A de eficiência
energética (RTQ-C), com o percentual de redução (PRCEPreal-D) de 21,06%.
Como base nesses resultados, indica-se um conjunto de diretrizes para os
projetos de referência relacionados à orientação e às envoltórias,
respectivamente para favorecer o aproveitamento da ventilação natural e
reduzir ganhos térmicos para obter mais eficiência energética nos contextos
climáticos analisados. Sua adoção teria como consequência a melhoria da
qualidade ambiental dos espaços nos estabelecimentos assistenciais de saúde,
contribuindo potencialmente para a redução de custos dos cofres públicos com
climatização artificial e permitindo aos usuários ambientes mais saudáveis e
humanizados.