Considerando a necessidade de compreender como está sendo ofertado o componente curricular Projeto de Vida no currículo do Novo Ensino Médio em Santa Catarina, foi desenvolvida a presente dissertação de mestrado, intitulada Novo Ensino Médio e o componente curricular Projeto de Vida: significações atribuídas por jovens em uma escola pública de Joinville/SC. A pesquisa está vinculada ao Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Univille, na linha de pesquisa Currículo, Tecnologias e Práticas Educativas. Tem como objetivo apreender os sentidos e significados que os jovens estudantes do Ensino Médio de uma escola pública de Joinville/SC atribuem a um currículo que oferece o componente curricular Projeto de Vida. Os pressupostos teóricos e metodológicos que sustentam a investigação estão ancorados numa perspectiva sócio-histórica. No que tange às discussões curriculares, destaca-se a importância do pensamento de autores como Morgado (2018), Sacristán (2013; 2017), Moreira e Silva (2011), Silva (2015) e Apple (2006). Para abordar o Projeto de Vida, componente curricular do itinerário formativo do Novo Ensino Médio em Santa Catarina para a formação das juventudes, apoiamo-nos nas contribuições de pesquisadores como Dayrell e Carrano (2014), Dayrell (2003) e Sposito (1997), que abordam os conceitos de juventude, projetos de vida e a relação do jovem com a escola. A proposta metodológica, de abordagem qualitativa, contou com a realização de grupos de discussão, feitos com dez alunos do Ensino Médio de uma escola pública estadual de Joinville/SC. O material angariado nos grupos foi analisado com base na metodologia denominada Núcleos de Significação, desenvolvida por Aguiar e Ozella (2006; 2013), cujo principal alicerce teórico é a psicologia sócio-histórica. A análise das falas dos jovens permitiu elencar três Núcleos de Significação. O Núcleo de Significação 1, intitulado “O tempo de ser jovem: entre sonhos e responsabilidades”, trata das demandas juvenis, destacando que uma das condições para que o jovem signifique a escola como espaço de saber e acolhimento está em percebê-lo na sua totalidade, para além da condição de aluno. O Núcleo de Significação 2, “O currículo pouco dialoga com as realidades vividas pelos jovens e o excesso de responsabilidades impactando na qualidade do tempo escolar”, aborda questões sociais profundas vivenciadas pela maioria dos estudantes brasileiros. Já o Núcleo de Significação 3, “Componente curricular Projeto de Vida: Projeto de Vida como oportunidade para falar das coisas da vida”, destaca a sobrecarga diária enfrentada pelos jovens estudantes, suas demandas emocionais e as experiências vivenciadas durante as aulas do componente curricular Projeto de Vida. A análise dos núcleos, provenientes das falas dos jovens participantes da pesquisa, culminada com a leitura e análise dos documentos catarinenses, indica que, embora o componente curricular Projeto de Vida constitua uma temática relevante no currículo do Ensino Médio, persiste a incerteza no que diz respeito à sua oferta como componente curricular obrigatório, reforçando a ideia de que, para além de 2 horas-aula semanais com o componente curricular Projeto de Vida, os estudantes necessitam de uma formação crítica e emancipatória, que deve ser contemplada nas demais áreas do conhecimento. Por outro lado, a escola precisa acolher e ouvir os jovens em suas necessidades.