As condições climáticas sempre foram o principal fator determinante para o sucesso na exploração pecuária. As perdas econômicas e custos operacionais do setor atribuídos ao estresse térmico são grandes, principalmente devido à diminuição no desempenho produtivo, aumento da mortalidade e queda na eficiência reprodutiva. Há indicações de que o estresse térmico influencia as respostas fisiológicas, sendo prejudicial à dinâmica ovariana, qualidade e competência oocitária de fêmeas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do aumento de 2°C na temperatura animal durante o período de maturação, fecundação e desenvolvimento de embriões bovinos fecundados in vitro. Para tanto, complexos oócitos cúmulus (COCs) foram obtidos por meio da punção folicular de ovários bovinos provenientes de abatedouro. Após a identificação, os COCs foram divididos em seis grupos totalizando dois experimentos, sendo, controle 1 (GC1) e exposto 1 (GE1) para o experimento I e, controle 2 (GC2), exposto 2A (GE2A), exposto 2B (GE2B) e exposto 2C (GE2C) para o experimento II. Oócitos do grupo GC1 (n=316), GC2 (n=447) e GE2C (n=297) foram mantidos em estufa à temperatura de 38ºC e os do grupo GE1 (n=365), GE2A (n=337) e GE2B (n=321) mantidos à 40ºC, para serem maturados durante 24h em meio de maturação em estufa à 5% de CO2 e 95% de umidade. Após o período de maturação, os oócitos do grupo GC1 e GE1 foram avaliados quanto à sua morfologia em microscópio óptico e, após a retirada das células do cúmulus avaliou-se a taxa de maturação pela presença do corpúsculo polar (CP). No experimento II, após o período de maturação, oócitos do grupo GC2, GE2A, GE2B e GE2C foram fecundados com sêmen tratado pela técnica do gradiente descontínuo de Percoll, sendo a concentração espermática ajustada em aproximadamente 100.000 espermatozóides para cada gota. Os oócitos do grupo GC2, GE2B e GE2C foram mantidos em estufa à 38°C e, os do grupo GE2A mantidos à 40°C durante o período de fecundação in vitro (FIV; 18-20h). No segundo dia após a FIV, o grupo controle 2 (GC2) e o grupo GE2B permaneceram à 38°C, e o grupo GE2A à 40°C mas, o grupo GE2C foi transferido para estufa à 40°C durante o período de desenvolvimento embrionário. Os embriões foram avaliados quanto as taxas de clivagem, mórulas e blastocistos, após o período de fecundação por meio da microscopia óptica. No grupo controle 1 (GC1), os oócitos
apresentaram expansão uniforme das células do cúmulus, classificada como moderada à alta, com coloração castanha e aspecto uniforme do ooplasma, apresentando taxa de maturação de 69,62% (220/316). Nos oócitos expostos à 40ºC (GE1), observou-se uma diminuição na expansão das células do cúmulus e, as mesmas, apresentaram aparência arredondada e retração do ooplasma com coloração escura, com taxa de maturação de 49,04% (179/365). No grupo controle 2 (GC2), após o período de fecundação in vitro, as taxas de clivagem, mórula e blastocisto foram de 68,23% (305/447), 50,16% (153/305) e 43,28% (132/305), respectivamente. Já para o grupo GE2A, não observou-se a formação de zigotos (0/337). O grupo GE2B apresentou 31,46% (101/321) e 35,64% (36/101) de taxa de clivagem e mórula respectivamente, não havendo a formação de blastocistos (0,0%) e, no grupo GE2C a taxa de clivagem foi de 3,7% (11/297), porém, não observou-se a formação de mórulas e blastocistos (0,0%). Para a análise estatística dos dados observados, utilizou-se o teste x2 (p0,05) onde constatou-se significância nos resultados obtidos em ambos experimentos. Esses dados sugerem que em todas as fases de exposição ao estresse térmico, os embriões e as células gaméticas são suscetíveis, ocorrendo queda no desenvolvimento embrionário, ou seja, o aumento da temperatura influencia negativamente na reprodução animal, provocando queda na maturação oocitária, fecundação e desenvolvimento embrionário.