Esporotricose é uma infecção de implantação, crônica, granulomatosa, que no Brasil geralmente ocorre como epizootias urbanas causadas por Sporothrix brasiliensis, afetando principalmente gatos e humanos via transmissão dermatozoonótica. Seu tratamento é realizado com o uso de itraconazol como monoterapia ou associado ao iodeto de potássio, porém sua eficácia é moderada, a terapia é longa, onerosa e associada à efeitos colaterais sistêmicos. O presente estudo teve por objetivo avaliar a crioterapia como tratamento complementar da esporotricose felina, quanto ao tempo de resposta terapêutica, eficácia e segurança da técnica . Para tal, 28 gatos com esporotricose atendidos na Clínica Veterinária Escola PUCPR, foram divididos em dois grupos de estudo, sendo o Grupo 1 composto por 14 gatos tratados com crioterapia associada ao itraconazol e iodeto de potássio e o Grupo 2, composto por 14 gatos tratados com itraconazol associado ao iodeto de potássio. As lesões dos gatos incluídos se concentravam na face, membros e tronco e tinham até três centímetros de diâmetro. Os tempos de tratamento foram de 73 dias no Grupo 1 e de 104 dias no Grupo 2. Entre os gatos do grupo 1, 12 (86%) dos gatos obtiveram cura, dois (14%) abandonaram o tratamento, sendo que dois (14%) dos gatos apresentaram recidiva durante os 12 meses do estudo, e a média de sessões de crioterapia foi de duas. Entre os gatos do grupo 2, 11(79%) obtiveram cura ao final do tratamento, dois (14%) abandonaram o tratamento, um (7%) caso houve ineficácia e em dois (14%) casos houve recidiva lesional durante os 12 meses de acompanhamento. Os efeitos colaterais transitórios associados à crioterapia foram edema, eritema e escara, e as alterações permanentes foram leucodermia e alopecia cicatriciais. Em conclusão, a crioterapia foi eficaz e segura como tratamento complementar da esporotricose felina, reduzindo seu tempo de tratamento sistêmico, mormente em casos cutâneos localizados ou disseminados de menores diâmetros, o que exige diagnóstico precoce da doença.