Piscinoodinium pillulare é um ectoparasito reconhecido mundialmente pelos surtos provocados em grande escala nas pisciculturas, e com registro em tambaqui, Colossoma macropomum, es- pécie nativa mais produzida no Brasil. A busca por produtos naturais como alternativa aos sin- téticos para o tratamento de doenças em peixes tem crescido nos últimos anos, devido suas propriedades biodegradáveis e menor possibilidade de causar resistência parasitária. Diante deste cenário, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antiparasitária dos óleos essenciais (OEs) de Aloysia triphylla, Lippia gracilis e Piper aduncum para o controle de Piscinoodinium pillulare em juvenis de tambaqui. Primeiramente foi avaliada a toxicidade aguda dos três OEs, em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com seis tratamentos: controle e cinco con- centrações dos OEs (A. triphylla 60, 80, 100, 120 e 140 mg L-1, L. gracilis 35, 40, 45, 50 e 55 mg L-1 e P. aduncum 42,5, 45, 47,5, 50 e 52,5 mg L-1), três repetições e tempo de exposição de 4 horas, visando a definição de concentrações seguras para aplicação em banhos terapêuticos, sendo estas concentrações baseadasna literatura, seguido de testes pilotos. Os resultados mos- traram que a mortalidade e a severidade dos danos nas brânquias de tambaqui foram proporci- onais ao aumento das concentrações dos OEs, com a concentração letal média (CL50-4 h) esti- mada em 109, 57 mg L-1 para A. triphylla, em 41,63 mg L-1 para L. gracilis e em 48,17 mg L-1 para P. aduncum. Os danos histopatológicos de grau II e de grau III foram de baixa frequência, e este último que inclui as alterações severas e irreversíveis foi registrado somente nas maiores concentrações do OE de P. aduncum (47,5, 50,0 e 52,5 mg L-1). Portanto, concentrações dos OEs abaixo da CL50-4 h podem ser utilizadas, em curtos períodos de exposição. Este protocolo foi adotado na segunda etapa deste estudo com o objetivo de determinar a eficácia dos três OEs no tratamento de P. pillulare em tambaqui após aplicação de três banhos terapêuticos de 15 minutos. Para isso, utilizou-se um DIC com sete tratamentos e três repetições: controle, OEs de A. triphylla (40 e 50 mg L-1), L. gracilis (20 e 30 mg L-1) e P. aduncum (10 e 20 mg L-1). Após os tratamentos com os óleos essenciais, a contagem do P. pillulare foi feita em câmera de sed- gewick rafter utilizando três alíquotas de cada amostra para a determinação dos índices parasi- tários de prevalência, abundância média e intensidade média, bem como a eficácia antiparasi- tária. Para avaliar o estado fisiológico dos peixes foram realizadas análises de hematócrito, nú- mero de eritrócitos, hemoglobina, glicose, proteínas totais, bem como a atividade das enzimas aspartato aminostransferase, alanina aminostransferase e fosfatase alcalina. A eficácia dos OEs no controle de P. pillulare variou de 63,8 a 83,8%. Não houve diferença significativa entre tratamentos para os parâmetros hematológicos e bioquímicos, mas a infestação por P. pillulare promoveu redução no hematócrito e hemoglobina, além de aumento na glicose plasmática e
proteínas totais. Para os parâmetros enzimáticos, houve redução da alanina aminotransferase, mas não houve comprometimento da função hepática em tambaquis. Portanto, os OEs de A. triphylla, L. gracilis e P. aduncum constituem boas alternativas terapêuticas para mitigar os impactos negativos causados pela infestação de P. pillulare na criação de tambaquis.