A presente dissertação trata-se de um estudo sobre alterações plaquetárias quantitativas em cães e das alterações hematológicas nos animais com hemoparasitoses, sendo assim composta por dois artigos. No primeiro, objetivamos investigar, identificar e descrever as principais etiologias associadas à trombocitose e trombocitopenia de caninos na região semiárida do Nordeste brasileiro. Em um estudo retrospectivo foram avaliados prontuários médicos e fichas laboratóriais de cães atendidos que apresentavam alterações plaquetárias quantitativas entre 2017 a 2019. Dados plaquetários como também variáveis de sexo, idade, sistema fisiológico afetado por patologia e afecção diagnosticada foram compilados. Dos 14.694 caninos atendidos, 3.208 (21,83%) apresentaram alterações plaquetárias quantitativas, dos quais 3.016 (20,52%) com trombocitopenia e 192 (1,31%) com trombocitose. Um predomínio de fêmeas (53,96%) e cães com idade entre 1 e 8 anos (43,86%) foi observado. De acordo com a etiologia das doenças foi possível verificar um predomínio das doenças infecciosas e parasitárias [1253/2160 (58,01%)] seguido das doenças neoplásicas [208/2160 (9,63%)]. Os animais com hemoparasitose apresentaram uma menor chance significativa (P<0,05) de trombocitose, diferindo dos cães com gastroenterites e parvovirose, que apresentaram uma maior chance significativa (P<0,05) de trombocitose. Ademais, cães atendidos nos meses chuvosos possuíam uma chance significativa (P<0,05) de apresentarem alterações plaquetárias quantitativas. Várias doenças estão associadas à presença de alterações plaquetárias quantitativas, porém o predomínio de doenças infecciosas/parasitárias pode auxiliar no diagnóstico diferencial e demonstrar a necessidade de adoção de medidas profiláticas, com ênfase em determinadas épocas do ano. O segundo artigo foi dado destaque ao grande número de animais com hemoparasitoses verificado no prelúdio, em função disso, objetivou-se analisar o perfil hematológico de caninos naturalmente infectados por Babesia spp. e Hepatozoon spp. na zona semiárida do Nordeste brasileiro. Para tanto, também foi realizado um estudo retrospectivo com 452 cães diagnosticados com Babesia spp. ou Hepatozoon spp pelo esfregaço sanguíneo. Achados clínicos e dados populacionais (2012 a 2020) foram determinados a partir da revisão de registros médicos. Foram identificados e avaliados os aspectos hematológicos de 124 cães com Babesia spp. e 328 com Hepatozoon spp. Cães jovens, com menos de um ano de idade e fêmeas, foram os mais comumente afetados em ambas as doenças. Nos animais com Babesia spp. as alterações hematológicas mais observadas foram anemia (83,87%), normocítica normocrômica (37,9%), leucopenia (45,16%), neutropenia (28,22%), linfopenia (44,35%), eosinopenia (71,77%), monocitopenia (29,03) e trombocitopenia (86,03%). Já nos animais infectados com Hepatozoon spp. foram anemia (76,52%), normocítica normocrômica (49,69%), leucocitose (26,22%), neutrofilia (30,49%), linfopenia (29,57%), eosinopenia (40,55%), monocitopenia (21,04%) e trombocitopenia (54,27%). Ressaltando assim, a importância dos cuidados epidemiológicos, principalmente com os filhotes, mantendo-os livres dos vetores da doença, e reforçando a importância do hemograma no diagnóstico, tratamento e prognóstico dessas enfermidades comumente associadas a outras afecções.