DIETZE, W. Determinação da concentração alveolar mínima (CAM) de isoflurano e sevoflurano em Saguis-de-tufo preto (callithrix penicillata). 2021, 64p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Lages, 2021.
A CAM é uma medida de potência anestésica quantitativa, necessária para abolir movimentos em 50% dos pacientes, em resposta a um estímulo supramáximo. Devido a suas características e a facilidade de mensurar o agente anestésico expirado, a CAM é o índice padrão de avaliação e comparação dos anestésicos voláteis, além de orientar a administração de dose. Os saguis-de tufo preto (Callithrix penicillata) são primatas presentes na rotina clínica e cirúrgica de hospitais veterinários, além de serem utilizados como modelos em experimentos, principalmente na neurociência. Mesmo apresentando tanta importância, poucos trabalhos avaliaram a potência dos principais anestésicos voláteis nesta espécie. Assim, objetivou-se avaliar neste estudo prospectivo e experimental, utilizando o método up-and-down, a concentração alveolar mínima de sevoflurano e isoflurano, nestes primatas, através estímulo elétrico. Foram utilizadas 7 famílias de saguis-de-tufo preto, que totalizaram 24 animais, 11 fêmeas e 13 machos, com idade indeterminada, sendo a higidez comprovada por meio de exames hematológicos e avaliação física. Os animais foram divididos em dois grupos, de forma aleatória, chamados de grupo ISOCAM e grupo SEVOCAM, e individualmente induzidos em caixa anestésica com oxigênio (5 L/min) juntamente com 7 V% de sevoflurano no SEVOCAM ou 5 V% de isoflurano no grupo ISOCAM. Quando os animais atingiam o decúbito, foram intubados com tubo endotraqueal e mantidos com oxigênio (0,8 L/min) e o halogenado eleito para o grupo, em circuito aberto sem reinalação de gases. Definido em estudo piloto, o primeiro animal do ISOCAM iniciou a manutenção com 2,6 V% de isoflurano e SEVOCAM com a concentração de 4 V% de sevoflurano. Realizado a instrumentação para avaliar FC, FR, PAS, SpO2, EtCO2, TR e EtISO ou EtSEV, aguardou-se 15 minutos para equilíbrio anestésico, e posteriormente foi realizado estímulo elétrico (50 mA e 50 hertz) em face lateral da coxa, no modo farádico (3 estímulos simples consecutivos, seguidos de 2 estímulos contínuos). Realizado o estímulo, foi observada a resposta, quando positiva (movimentos de membros, cabeça ou vocalização) e negativa (não apresentou movimentos) a concentração anestésica foi aumentada ou reduzida em 10%, respectivamente, no próximo sagui. A indução dos animais bem como a recuperação anestésica foi avaliada utilizando escala apropriada. Variáveis fisiológicas foram aferidas antes (M0) e depois (M1) do estímulo nociceptivo. A CAM foi calculada utilizando a técnica de up-and-down e cálculo de média dos cruzamentos. Os valores das variáveis fisiológicas foram pareados e submetidos ao teste t. Para a comparação entre grupos utilizou-se do teste Anova com pós teste de Bonferroni. O teste de Qui-quadrado serviu para analisar a categóricas (escala de indução e retorno anestésico). A correlação de Pearson foi utilizada para determinar associações entre as concentrações dos halogenados e os parâmetros de M0 e M1. As CAM’s de isoflurano e sevoflurano em Callithrix penicillata foram de 2,29 V% e de 3,93 V% respectivamente. Os parâmetros fisiológicos foram semelhantes entre os grupos. Na avaliação de indução e recuperação, ambos apresentaram resultados semelhantes. Porém o isoflurano causou irritação das vias aéreas e mucosas oculares, provocando mais tosse e lacrimejamento.