O objetivo do presente estudo foi viabilizar a produção e coleta de embriões pelo método não
cirúrgico (NSER) em ovelhas Morada Nova, uma vez que o uso desta técnica pode contribuir
para o Programa de Conservação de Recursos Genéticos desta importante raça brasileira,
aumentando o número de embriões nos bancos de germoplasma. Este estudo foi realizado em
duas etapas sendo que na primeira, foi comparada a produção de embriões in vivo de doadoras
submetidas a diferentes protocolos de sincronização de estro e/ou superovulação. As ovelhas
receberam esponjas intravaginais embebidas em 60 mg de acetato de medroxiprogesterona
(MAP), as quais foram mantidas por seis (G6; n = 12), nove (G9; n = 12) ou 12 (G12; n = 12)
dias. Metade das ovelhas em cada grupo permaneceu sincronizada (SYNCH) enquanto a outra
metade foi superovulada (SOV) com hormônio folículo estimulante suíno (pFSH). Das
variáveis analisadas, houve diferença no início do estro que ocorreu 10-12 h depois (P <0,01)
em ovelhas G9SYNCH quando comparadas a G6SYNCH e G12SYNCH, e a duração do estro foi 19 h
maior (P <0,01) em G9SOV do que em G6SOV. A duração média do procedimento de coleta foi
de 32,6 ± 1,3 min. Pelo menos uma estrutura foi recuperada em 85,7% das ovelhas
sincronizadas e em 87,5% das superovuladas. As taxas de recuperação de embriões viáveis
também foram semelhantes (P> 0,05) para os grupos sincronizados e superovulados: G6 (1,0
± 0,3 e 2,5 ± 1,5), G9 (1,3 ± 0,5 e 4,8 ± 2,0) e G12 (1,0 ± 0,3 e 4,8 ± 2,3). Conclui-se que o
pré-tratamento com diferentes durações de progesterona pode ser empregado em ovelhas
Morada Nova, resultando em taxas de recuperação embrionária viáveis em animais
sincronizados e/ou superovulados. Na segunda etapa, procurou-se correlacionar quantidade de
folículos acima de 2 mm de diâmetro no momento da última dose de pFSH com a resposta
superovultória (número de corpos lúteos) e a produção de embriões (quantidade de blastocisto
e qualidade embrionária) em ovelhas sincronizadas com os dois tratamentos mais promissores
do experimento anterior (G9 e G12). A contagem total de folículos com diâmetro ≥ 2 mm
dobrou entre a 1ª e a 6ª dose de pFSH em ambos os grupos de ovelhas (P <0,05). As respostas
ao estro não variaram entre os dois subconjuntos de ovelhas Morada Nova e foram em média
95,2%. Corpos lúteos (CL) foram detectados em 85,0% e 60,0% das ovelhas que
apresentaram cio, respectivamente, nos grupos G9 e G12. A NSER foi concluída com sucesso
em 86,2% de todas as ovelhas estudadas. O número médio de CLs por doadora e por doadora
lavada com sucesso foi maior (P <0,05) no G12 (12,3 ± 1,7 / 12,1 ± 1,9) do que no G9 (7,9 ±
1,4 / 8,2 ± 1,6). O número médio de blastocistos recuperados e de embriões viáveis foi maior
(P <0,05) para G12 (5,8 ± 1,9 e 3,7 ± 1,7) do que para G9 (3,5 ± 1,1 e 0,8 ± 0,3,
respectivamente). A contagem total de folículos no momento da aplicação da 6ª dose de pFSH
no grupo G12 foi positivamente correlacionada (P <0,05) com o número de CLs (r = 0,95) e
com o de embriões viáveis (r = 0,91). Conclui-se que o protocolo de sincronização de estro
baseado na utilização de P4 por 12 dias resultou em melhores resultados superovulatórios
quando comparado ao protocolo de 9 dias e que a contagem total de folículos na última dose
de pFSH foi um bom preditor de resposta superovulatória apenas nas ovelhas tratadas com P4
por 12 dias.